Belém do São Francisco mantém viva a tradição dos bonecos gigantes

ZEPEREIRA

Figuras gigantes foram criados há 96 anos.
Bonecos foram inspirados em manifestação religiosa europeia.

O município de Belém do São Francisco, no Sertão de Pernambuco, orgulha-se de manter a tradição do desfile de bonecos gigantes durante o carnaval. Esse costume, que existe há 96 anos, inspirou as festividades de Olinda, no litoral do estado, e outras cidades pelo país. Em 2015, o cortejo acontece no dia 13 de fevereiro.

De acordo com uma das integrantes da comissão de organização do carnaval, Núria Granja Caribé, a tradição dos bonecos foi inspirada por um padre belga no início do século XX. “O padre Norberto Phalempin, o primeiro vigário de Belém, costumava contar que durante as festas religiosas na Europa a igreja usava bonecos gigantes para atrair os fieis”, afirmou.

Zé Pereira e Vitalina no portal da cidade (Foto: Fabiano Caribé/Ascom)
Zé Pereira e Vitalina no portal da cidade (Foto: Fabiano Caribé/Ascom)

Os relatos do padre chamaram a atenção de Gumercindo Pires de Carvalho que decidiu produzir figuras de papel machê. “Gumercindo sempre foi um entusiasta do carnaval. Ele criou o primeiro boneco, Zé Pereira, em 1919. Segundo a tradição, Zé sempre chega de barco das ‘Oropas’, como falam popularmente, e atrai as pessoas para saírem pelas ruas”, contou Núria.

Dez anos após a criação do primeiro boneco, Gumercindo teve a ideia de criar uma companheira, nascendo assim Vitalina. “Na época, aconteceu até o casamento de Zé Pereira com Vitalina, com direito a padre e testemunhas, todos bonecos”, disse Caribé. O desfile dos bonecos, desde o começo, é animado pela Filarmônica Dionon Pires de Carvalho, que toca frevo e marchinhas de carnaval, algumas delas de compositores locais.

Bonecos gigantes de Belém do São Francisco (Foto: Reprodução/TV Grande Rio)
Bonecos gigantes de Belém do São Francisco (Foto: Reprodução/TV Grande Rio)

Em 2015, o cortejo vai começar com a chegada dos bonecos no cais da cidade, às margens do Rio São Francisco, a partir das 19h, e seguem com os foliões pelas ruas principais até o Pátio de Eventos. Desde 2011, as roupas de Zé Pereira e Vitalina mudam de acordo com as temáticas homenageadas no evento. “Este ano, a homenagem é à cultura nordestina, por isso os detalhes das roupas têm elementos da bandeira de Belém, a sanfona de Luiz Gonzaga e referências ao frevo”, contou Núria.