Neste domingo (22) é comemorado o Dia Mundial da Água. A data traz também um alerta para a situação do Rio São Francisco. Entre os principais problemas encontrados estão a derrubada da mata ciliar, o assoreamento e os esgotos que deságuam todos os dias no rio.
O Rio São Francisco é um dos mais importantes cursos d’água do Brasil. São 2.800 quilômetros de extensão que cortam seis estados brasileiros e o Distrito Federal. A quantidade de água é de impressionar, mas o rio tem apresentado uma baixa do nível e, em alguns trechos, acontece a formação de bancos de areia.
A situação se agravou mais nos últimos cinco anos por causa da estiagem. De acordo com o sargento do Corpo de Bombeiros, Edian Rodrigues, quem navega há muito tempo no rio percebe os sinais da degradação. “O banco de areia é muito grande e ele começa na Ilha do Massangano e vem descendo a cada dia. Há cinco anos ele está mais perceptível e a gente que já navega há algum tempo percebe que foi aos poucos e hoje ele está bem aparente. Até nos mapas dá para ver esse banco de areia”, explica.
A baixa do Rio São Francisco não é a única preocupação dos ribeirinhos e especialistas. Todos os dias, milhares de litros de esgoto são despejados no Velho Chico. E um dos sinais dessa poluição é a presença de plantas aquáticas como as baronesas. “As pessoas ficam achando que as baronesas são maléficas para o rio, mas elas não são, elas ajudam na purificação da água. Só que é um tipo de planta que só se alimenta de água poluída”, explica o ambientalista, Vitório Rodrigues.
O lixo jogado às margens do rio e o desmatamento da mata ciliar gera outro grande problema, o assoreamento. “A perda da vegetação da mata ciliar principalmente na parte de Juazeiro-Bahia e Petrolina, em Pernambuco, é por causa de vários fatores como a exploração de minério e agricultura irrigada. Então houve uma perda muito grande da vegetação e, por conta disso, nós temos vários outros problemas consequentes como o caso da erosão e desmoronamento de barreiras”, argumenta Rodrigues.
O Representante do Comitê da Bacia Hidrográfica, Aluízio Gomes, afirma que o alerta em relação à situação do rio está sendo feito há muito tempo. “O Comitê da Bacia Hidrográfica foi criado em 2001 e em 2002 ele começou a sua efetiva ação. É o único organismo do país que especificamente defende o Rio São Francisco porque tem representações diversas.O problema é gravíssimo e estamos atentos”, destaca Gomes.
O Comitê também planeja ações para conter a degradação do Rio São Francisco. “O Comitê está fazendo um estudo de todo plano de ações que devem ser efetivadas no Rio São Francisco. São mais de 500 anos de degradação e este é um projeto de longo prazo com educação ambiental de todos os níveis de educação. O setor elétrico é o grande culpado pela questão da vazão e que precisa gerar energia. Represa as águas e prejudica populações”, garante.
No dia 20 de maio será realizada uma plenária em Petrolina. A cidade, que é uma das mais importantes da calha do rio, vai receber representações e discutirá com a população o estado do Rio São Francisco.