Emendas parlamentares para verbas extras estão suspensas, dizem gestores.
Festas que teriam mais de dez dias passarão podem ter até três, no máximo.
Localidades do interior do estado terão cortes no investimento em festas realizadas durante o período junino em 2015. As verbas podem cair em até 30% em 15 de 22 delas que fazem parte do Consórcio de Municípios do Agreste e Mata Sul de Pernambuco (Comagsul). “Os gastos variaram de R$ 400 a R$ 600 mil em 2014. Este ano, a projeção é de que esses valores variem de R$ 150 a R$ 200 mil”, frisa o prefeito João Tenório, de São Joaquim do Monte, que representou os demais durante o anúncio em evento realizado na manhã desta quarta-feira (29) em Agrestina.
Os gestores que adotaram a medida alegam como causa a crise econômica nacional aliada à estiagem na região. “Precisamos priorizar algumas coisas, sem esquecer outras, centrar o pouco recurso que temos na Saúde, Educação e enfrentamento à seca. Estes são pontos que não podem faltar”, justifica Tenório.
Ainda segundo este gestor, para viabilizar os eventos, os administradores contam apenas com a verba do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que não seria suficiente, mesmo com redução na grade de programação. “Do total disponibilizado mensalmente, 15% precisa ser investido na Saúde, mas chegamos a gastar em torno de 20%. Outros 25% devem ser usados com Educação. O que sobra precisa suprir as demais despesas de cada município. Temos uma verba específica para a Saúde, mas esta não dá para arcar com todas as necessidades do setor”, detalha.
Para custear uma festa que varia de nove a 11 dias – a exemplo do ano passado na maioria dos municípios que fazem parte do consórcio -, contou-se com verbas de emendas parlamentares. O grupo de gestores alega, no entanto, que este tipo de via legal está suspensa. Desta forma, parcerias público-privadas podem ser a saída. “Estamos aguardando a definição do montante da Fundarpe [Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco] e Empetur [Empresa de Turismo de Pernambuco] para saber quais eventos do interior serão contemplados, para também irmos em busca de patrocínios”, explica.
Programação
A grade de programação passará de mais de 10 dias para até três em municípios como São Joaquim do Monte, Agrestina, Altinho, Ibirajuba, Camocim de São Félix, Bezerros, Sairé, Bonito, Cupira, Lagoa dos Gatos, Jurema, Panelas e Barra de Guabiraba, no Agreste, além de Quipapá e Belém de Maria, na Zona da Mata. Na coletiva de imprensa para o anúncio estavam presentes representantes de 14 municípios. Apenas Ibirajuba não foi representada.
Ainda não há uma previsão para divulgar as festas. Os gestores adiantam, no entanto, que não será possível investir em atrações que cobram valores mais altos para se apresentar. “Sabemos que neste período as bandas de forró que estão na mídia se valorizam e o custo fica alto para os nossos municípios”, destaca Tenório. “Podemos investir em atrações para quem quer se divertir e dançar forró, sem precisarmos recorrer aos de fora”, exemplifica o prefeito de Panelas, Sérgio Miranda.
Os prefeitos reconhecem que a medida não favorece ao turismo, o que implica em diminuição na movimentação da economia. Tentando minimizar, e para reduzir custos com estrutura, em vez das programações serem distribuídas entre os dias 12, 23 e 28 – vésperas de Santo Antônio, São João e São Pedro -, a ideia é centralizar apresentações em dias consecutivos. “Como o dia que antecede o São João cairá em uma terça-feira e, na maioria dos municípios, o dia seguinte não é feriado, esta é outra questão a ser pensada. O ano passado contamos com os jogos da Copa do Mundo e os feriados em fins de semana, o que facilitou [a elaboração da grade]”, complementa Tenório.