Uma pesquisa da Quartz divulgada como parte do relatório “Internet Health Report v0.1”, da Mozilla, aponta que 55% dos brasileiros acreditam que não há nada na internet além do Facebook. Para esse grupo, a internet e o Facebook são simplesmente a mesma coisa. A pesquisa pedia que os entrevistados respondessem a seguinte pergunta: “Você concorda com a afirmação seguinte: o Facebook é a internet?”. O Brasil foi um dos países nos quais a taxa de respostas positivas foi maior: 55% dos brasileiros concordaram com a afirmação. Na Nigéria, na Indonésia e na Índia, as porcentagens de pessoas que concordaram foram 65%, 63% e 58%, respectivamente. Nos EUA, por outro lado, o índice foi de apenas 5%.
Para a Mozilla, a resposta significa um grave perigo à saúde da internet. “Sem conhecimento da internet, não podemos esperar que as pessoas entendam o que a internet pode fazer por elas, ou por que elas devem se importar [com a internet].”, diz o relatório, que tem como objetivo explicar o que está acontecendo com a internet atualmente e delinear medidas para que ela se desenvolva de maneira mais livre, aberta, inclusiva, segura e igualitária. Até o final do ano, a versão 1.0 do relatório deve ser lançada.
A pesquisa fazia parte de uma seção do relatório chamada “Who can succeed online?”, que avaliava o nível de entendimento das pessoas sobre a internet no mundo. Na mesma seção, outro dado aterrador foi o de que 50% da força de trabalho da Europa não têm conhecimento digital adequado para o mercado de trabalho. Em alguns países, como Turquia e Macedônia, esse valor chegava a 65% ou mais. Segundo a Mozilla, isso significa que “sem o conhecimento sobre como verificar fontes na internet, mentes jovens e velhas se tornam solo fértil para notícias falsas e rumores, com efeitos negativos para a sociedade”.
O relatório também aponta para casos de monopólio e concentração da internet. O Google, por exemplo, é responsável por mais de 75% das pesquisas feitas na internet, e por 95,9% das pesquisas feitas de smartphones. “Isso dá à empresa uma vantagem ímpar na hora de vender publicidade online com base nos gostos das pessoas”, diz a organização.
O Facebook é outro enorme concentrador da internet. Além de ser a rede social com maior número de usuários no mundo (com 1,7 bilhão), a empresa também é dona das outras duas redes sociais que compõem o pódio: WhatsApp e Messenger, com 1 bilhão cada. Com isso, segundo a Mozilla, “elas têm influência desproporcional sobre o que as pessoas veem e fazem online”.
Outro problema detectado é o da acessibilidade na internet com relação a línguas. Embora apenas cerca de 25% da população global entenda inglês, mais da metade (52%) da internet está em inglês. A maior distorção acontece com a língua chinesa: embora em termos de usuários ela seja a segunda maior língua da internet, apenas 2% do conteúdo da rede estão disponíveis em chinês. Sobre a desigualdade social, o relatório aponta que 58% da população mundial não têm como pagar por uma conexão de banda larga à internet, e 40% não conseguem arcar com o custo de uma conexão via redes móveis a partir de um smartphone.
Via: Diário de PE