O estudo é fruto de parceria de R$ 2,7 milhões com Governo do Estado de Pernambuco; projeto será concluído em dezembro deste ano
Aumento de produção, redução de custos de manejo, ampliação da renda e melhor qualidade dos frutos. Esses são alguns dos resultados preliminares do projeto de introdução de novas variedades de uvas no vale do São Francisco que está sendo realizado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) por meio de convênio com a Secretaria de Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Sectec/PE), no valor de aproximadamente R$ 2,7 milhões. O projeto conta com participação da Embrapa Semiárido, Universidade do Estado da Bahia e empresas parceiras.
“O objetivo com esse projeto é introduzir novas variedades de uva que garantam e aumentem a competitividade da fruta no mercado, tanto pela qualidade quanto pela redução de custos e pela plasticidade na adaptação as condições da região. A Codevasf orgulha-se em poder contribuir para que o vale do São Francisco continue apostando nesse produto que hoje responde como importante item de exportação”, avalia a presidente da Codevasf, Kênia Marcelino.
Segundo Osnan Soares Ferreira, engenheiro da Codevasf em Petrolina e responsável por acompanhar os estudos, o projeto será concluído em dezembro deste ano quando termina o convênio com a Sectec/PE. Ele acrescenta que a pesquisa leva em consideração o mercado consumidor e atende às tendências e exigências do mercado. “Estão sendo avaliadas 73 novas cultivares de uva sem semente e duas novas cultivares de uva com semente. Também serão feitas análises laboratoriais e avaliação mercadológica”, complementa Ferreira.
Do total de novas cultivares de uva, onze variedades foram selecionadas para plantio em escala comercial, sendo que deste montante apenas uma tem semente. As variedades selecionadas foram Cotton Candy, Jacks Salute, Sugar Crisp, Sweet Celebration, Sweet Globe, Sweet Jubillee, Sweet Mayabelle, Sweet Sapphire, Sweet Sunshine, Sweet Surprise e Timco. Todas são patenteadas por empresas agrícolas estrangeiras.
Resultados promissores“Os resultados apontam para um aumento de produção de 10 a 15%, dependendo de fatores como boas práticas de produção, adubação etc. A redução nos custos de manejo é estimada em torno de 10%. Os frutos apresentam melhor firmeza, crocância e aparência, além de um maior brix (grau de açúcar). Quanto ao valor agregado, os produtores podem obter uma lucratividade média de 20 a 25% no plantio das novas variedades”, conclui Ferreira.
Os resultados finais do projeto devem ser divulgados em dezembro. Até lá, ainda serão realizadas pesquisas no Instituto Tecnológico de Pernambuco (ITEP)para verificar o brix, a resistência e o resíduo de agrotóxicos nas frutas. Consultores nacionais e internacionais de produção e mercado também farão análises a fim de saber qual a aceitação dessas cultivares no mercado internacional.
Antes mesmo de concluir o projeto, produtores de uva já experimentam os resultados. É o caso de Jackson Souza Lopes, que desde 2011 cultiva novas variedades em sua propriedade em Petrolina. “Das testadas na região, estamos com plantio comercial de pelo menos 15 variedades, algumas com potencial produtivo maior, mais tolerantes à chuva e às doenças. São mais competitivas”, conta Lopes. Entre as novas variedades, ele planta Arra 15, Sugar Crisp, dentre outras.
Na avaliação do produtor, atualmente o consumidor está preferindo as novas variedades. “Quando começamos a colocá-las no mercado houve uma certa dificuldade na aceitação, mas hoje isso mudou”, afirma.
Os recursos para o desenvolvimento do projeto são oriundos de destaque orçamentário da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional (SDR/MI) e do Governo do Estado de Pernambuco.
O vale do São Francisco é o principal responsável pelas exportações de uva no Brasil, contribuindo com aproximadamente 99,87% do volume (34,3 mil toneladas) e 99,78% do valor bruto de produção total (U$ 72,1 milhões). Anualmente, cerca de 250 mil toneladas de uva são produzidas nos projetos públicos de irrigação geridos pela Codevasf em Pernambuco, Bahia e Minas Gerais, sendo que os dois primeiros são os principais exportadores, com uma média anual de 26,6 mil toneladas e 7,6 mil toneladas.
ASCOM – Codevasf