No Dia Nacional do Combate ao Fumo (29.08), o pneumologista do Memorial São José – Rede D’Or São Luiz, Murilo Guimarães, alerta sobre os riscos para os que são fumantes passivos.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS (2006), o tabagismo passivo (não fumantes que convivem com fumantes em ambientes fechados) é a terceira maior causa de morte evitável no mundo, subsequente ao tabagismo ativo e ao consumo excessivo de álcool. Aproveitando que dia 29 de Agosto é Dia Nacional do Combate ao Fumo, convidamos o pneumologista do Memorial São Jose, Murilo Guimarães, para que nos explicasse porque devemos ter atenção à inalação passiva da fumaça do cigarro.
Os fumantes passivos possuem maior probabilidade de adquirir doenças relacionadas ao tabaco do que os não fumantes, pela exposição às toxinas liberadas na fumaça do cigarro. Por existirem mais não fumantes do que fumantes, a legislação brasileira tomou medidas que desagradam o público tabagista: a proibição do fumo em ambientes fechados causou bastante desconforto para os fumantes. O pneumologista diz: “Mesmo em locais abertos, a qualidade do ar já se torna alterada, prejudicando pessoas portadoras de alterações respiratórias, como os asmáticos, com outras consequências danosas para o organismo. Locais públicos sem fumo fazem os fumantes refletirem sobre seu vício e procurar ajuda para parar de fumar”.
Outra parcela da população fumante passiva que merece atenção são os bebês e crianças, que são expostos aos males do cigarro por meio de seus familiares fumantes. “Crianças filhos de grávidas fumantes apresentam taxas maiores de prematuridade, baixo peso ao nascer, retardo no desenvolvimento psíquico e intelectual, além de maior mortalidade infantil. Crianças filhos de pais fumantes apresentam maiores complicações respiratórias, idas ao serviço de emergência médica, infecções respiratórias de repetição, alergias respiratórias, asma, rinites, sinusites, otites, etc.”, alerta Dr. Murilo.
Em geral, os fumantes passivos possuem até cerca de três vezes mais chance de desenvolver doenças relacionadas ao tabaco de alta morbimortalidade, como as doenças cardiovasculares, aumentando o risco em cerca de 20 a 50%. “Isto precisa ser bem esclarecido ao fumante, para que ele entenda que o mal do cigarro não é apenas para si, mas também causa sérios malefícios a terceiros, incluindo pessoas amadas”, explica o pneumologista. “Este tipo de informação também colabora para a decisão do fumante procurar ajuda visando suprimir o tabagismo”. Murilo conclui: “Fumante, a vida sem cigarro pode ser tão boa ou melhor do que com ele”.
Dados:
– Só no Brasil o tabaco faz, anualmente, 200 mil vítimas; (talvez fosse melhor incluir dados mundiais, pois seriam mais ilustrativos. Segundo a OMS (maio de 2017) no mundo são cerca de 6 milhões de mortes ao ano devido ao tabagismo ativo e 1 milhão pelo passivo.
– De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o fumo é fator casual de 50 doenças diferentes, destacando-se as cardiovasculares, o câncer e as doenças respiratórias obstrutivas crônicas;
– As estatísticas demonstram que 45% das mortes por infarto do miocárdio, 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema), 25% das mortes por doença cérebro-vascular (derrames) e 30% das mortes por câncer podem ser atribuídas ao cigarro. Outro dado alarmante: 90% dos casos de câncer do pulmão têm correlação com o tabagismo.
Conheça o cigarro por dentro:
– A fumaça do cigarro é uma mistura de aproximadamente 4.700 substâncias tóxicas diferentes; constituída de duas fases: a fase particulada e a fase gasosa. A fase gasosa é composta, entre outros, por monóxido de carbono, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído, acroleína. A fase particulada contém nicotina e alcatrão;
– O alcatrão é um composto de mais de 40 substâncias comprovadamente cancerígenas, formado à partir da combustão dos derivados do tabaco. Entre elas, o arsênio, níquel, benzopireno, cádmio, resíduos de agrotóxicos, substâncias radioativas, como o Polônio 210, acetona, naftalina e até fósforo P4/P6, substâncias usadas para veneno de rato;
– O monóxido de carbono (CO) se junta à hemoglobina (Hb) presente nos glóbulos vermelhos do sangue, que transportam oxigênio para todos os órgãos do corpo, dificultando a oxigenação do sangue, privando alguns órgãos do oxigênio e causando doenças como a aterosclerose;
– A nicotina é considerada pela Organização Mundial da Saúde/OMS uma droga psicoativa que causa dependência. A nicotina age no sistema nervoso central como a cocaína, com uma diferença: chega em torno de 9 segundos ao cérebro. Por isso, o tabagismo é classificado como doença estando inserido no Código Internacional de Doenças (CID-10) no grupo de transtornos mentais e de comportamento devido ao uso de substância psicoativa.