Tecnologia social da Codevasf é certificada pela Fundação Banco do Brasil

O projeto foi uma das 173 iniciativas que ganharam o reconhecimento e irão compor o Banco de Tecnologias Sociais da Fundação
A expansão da “Metodologia Mandacaru” de conversão de sistemas de irrigação, projeto de autoria de técnicos da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), foi classificada para receber o Prêmio de Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil 2017. A tecnologia social desenvolvida por técnicos da empresaé uma das 173 consideradas aptas a receber a certificação neste ano, de um total de 735 iniciativas inscritas. O objetivo da premiação é levantar projetos sustentáveis que possam ser reaplicados em diversas comunidades.

A próxima etapa do Prêmio, que está em sua nona edição, será nesta terça-feira (15), com a divulgação dos projetos finalistas. Já as propostas vencedoras serão anunciadas na cerimônia de premiação, em novembro. Neste ano, a Fundação BB irá premiar com R$ 50 mil cada uma das seis iniciativas vencedoras nas categorias nacionais, além da entrega de um troféu e a produção de um vídeo retratando as iniciativas das 21 instituições finalistas nacionais e das três finalistas internacionais.
Os responsáveis pela tecnologia são os técnicos Douglas Nunes de Oliveira, Frederico Orlando Calazans Machado, Maria da Penha Rodrigues e Rodrigo Ribeiro Franco Vieira. A “Metodologia Mandacaru” nasceu após a comprovação de resultados animadores – economia de água, energia, aumento dos índices de produtividade, benefícios ambientais, dentre outros – obtidos com o projeto-piloto do Mandacaru, em Juazeiro (BA).
Com base nesses resultados, a metodologia foi expandida para os projetos públicos de irrigação de Maniçoba, Curaçá e Tourão, na Bahia, e Bebedouro, em Pernambuco, com resultados superiores aos obtidos no projeto-piloto (70% de economia anual de água).
Segundo os responsáveis pelo projeto, a metodologia prevê a análise geral dos sistemas coletivos e é aplicável em qualquer local onde haja irrigação por superfície. “A certificação é o reconhecimento da responsabilidade social e ambiental que a Codevasf tem no desenvolvimento de suas ações”, ressalta o analista em desenvolvimento regional Frederico Calazans, da Área de Gestão dos Empreendimentos de Irrigação da Codevasf.
Ele explica que essa tecnologia social compreende um conjunto de produtos, técnicas e metodologias que podem ser reaplicadas por meio de interação com a comunidade e que representam soluções para transformação social dos pequenos agricultores ocupantes de lotes familiares nos projetos públicos de irrigação. “A Codevasf tem como objetivo desenvolver ações que promovam, na sua área de atuação, a transformação social com o devido respeito ao meio ambiente e, assim, essa certificação é, de certa forma, um reconhecimento do trabalho da empresa na área de irrigação”, conclui.
Com a certificação, as tecnologias passam a compor o Banco de Tecnologia Social (BTS) da Fundação BB, que agora conta com 995 iniciativas aptas para reaplicação. O BTS é uma base de dados online, que reúne metodologias reconhecidas por promoverem a resolução de problemas comuns às diversas comunidades brasileiras.
Reconhecimento
O projeto irrigado Mandacaru, implantado pela Codevasf em 1973, está localizado a cerca de dez quilômetros da sede do município de Juazeiro (BA) e atualmente é composto por área irrigada total de quase 800 hectares, sendo que 419 hectares estão distribuídos em 54 lotes para pequenos produtores e 350 hectares, para empresas. A tradição de culturas no projeto é de manga, cebola, melão e cana de açúcar (Agrovale).
A mudança do sistema de irrigação do projeto Mandacaru já foi reconhecida por estudiosos da área. Para o engenheiro agrônomo, Raimundo Rodrigues Gomes Filho, do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Sergipe (Ufs), a ação apresenta muitos benefícios. “Com a ‘Metodologia Mandacaru’, obteve-se resultados positivos em diversos parâmetros operacionais dentre os quais destacamos o potencial de economia do volume anual de água captado naquele projeto que ficou estabelecida na ordem de 60%. Recomendamos, portanto, a sua adoção na conversão de sistemas parcelares de irrigação, principalmente neste atual momento em que os recursos hídricos encontram-se cada vez mais escassos”, destaca o professor.
Na avaliação de Everardo Mantovani, professor titular sênior da Universidade Federal de Viçosa (UFV), do Departamento de Engenharia Agrícola, os resultados alcançados e o potencial de expansão da Metodologia Mandacaru tornaram-se uma importante saída para diversos projetos irrigados. “Os resultados medidos e comprovados de otimização significativa do uso da água, energia e mão de obra por meio de estudos técnicos trouxeram melhorias efetivas para produtores, empresas, instituições ligadas aos perímetros irrigados e para a população em geral”, conclui Mantovani.
Além do reconhecimento de especialistas na área, a metodologia já foi indicada a outros prêmios e destaque em eventos internacionais. Em 2014, o projeto foi um dos três finalistas ao Prêmio ANA, promovido pela Agência Nacional de Águas (ANA). Em 2013, a empresa foi uma das finalistas ao Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, na categoria “Gestores Públicos”. Em 2011, o projeto foi apresentado no Fórum de Sustentabilidade Empresarial da Rio+20, realizada no Rio de Janeiro. Em 2009, foi concedido à Companhia o prêmio ECO (promoção da Amcham e do Jornal Valor Econômico), na categoria Sustentabilidade em Novos Projetos.


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