O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, disse nesta segunda-feira (22/10) em entrevista ao SBT que advertiu seu filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal reeleito por São Paulo, que, em um vídeo publicado em redes sociais disse que bastaria apenas “um soldado e um cabo” para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF).
“Eu já adverti o garoto”, disse o candidato sobre o filho de 34 anos. “É meu filho. A responsabilidade é dele. Ele já se desculpou. Isso aconteceu há quatro meses. Ele aceitou responder a uma pergunta sem pé nem cabeça, e resolveu levar para o lado desse absurdo aí. Temos todo o respeito e consideração com os demais poderes, e o Judiciário obviamente é importante.”
Ainda de acordo com Bolsonaro, a advertência no filho “foi até pesada”. “Ele já assumiu a responsabilidade, repito, e se desculpou. No que depender de nós, é uma página virada na história”, disse ele, que, assim como seu vice, Hamilton Mourão, lembrou que o PT já adotou discurso similar.
“Por outro lado, o Wadih Damous falou de forma consciente em fechar o Supremo, e não teve essa repercussão toda. O garoto errou, foi advertido, vamos tocar o barco”, continuou, referindo-se a uma fala do deputado do PT crítica à atuação do STF na situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso pela Lava Jato há seis meses.
Quanto à estratégia para a última semana de campanha, Bolsonaro disse que os apoiadores estão sendo mobilizados via mídias sociais para que não haja “qualquer surpresa no dia 28”. “Não existe o ‘já ganhou’. Você tem que lutar até último momento, ninguém é dono do voto de ninguém. Nosso pessoal está consciente em relação a isso.”
Ele voltou a explicar por que descartou ir a debates de TV com o oponente Fernando Haddad (PT). “Parece que ele tem ponto eletrônico com um presidiário. Ele não é dono de si. Não tem autonomia pra falar nada. Debate não vai levar a lugar nenhum. Seria um bate-boca apenas.”
Repercussão
Ministros do Supremo reagiram às declarações de Eduardo Bolsonaro divulgadas no fim de semana. O decano da Corte, ministro Celso de Mello, classificou a fala do deputado reeleito como “inconsequente e golpista”. O ministro Marco Aurélio Mello apontou que o país vive “tempos estranhos”.
A OAB Nacional também criticou a fala de Eduardo Bolsonaro. Já o ministro Alexandre de Moraes, do STF, pediu que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre o caso.