O presidente Jair Bolsonaro (PSL), além da relação de pai e filho com o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), é sócio de seu primogênito na empresa Bolsonaro Digital LTDA. Na relação de proprietários da firma também aparecem os nomes dos outros filhos do primeiro casamento do capitão reformado, Carlos e Eduardo. A primeira esposa, Rogéria Nantes, é a sócia administradora do empreendimento.
É o que consta na base de dados da Receita Federal (veja abaixo). Contudo, diferentemente do pai, Flávio não divulgou possuir cotas da empresa na sua declaração de bens ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no registro de sua candidatura.
O presidente informou ao TSE possuir quotas equivalentes a R$ 249 no empreendimento, cujo capital social é de R$ 1.000. Eduardo Bolsonaro, reeleito deputado federal pelo PSL de São Paulo, também declarou à Corte possuir a mesma quantia no negócio.
Já Flávio Bolsonaro, apesar de constar no quadro societário divulgado pela Receita Federal, informou ter, apenas, R$ 558.220,06 em outras aplicações diversas, sem explicitar a origem do valor. Confira, abaixo, a declaração do senador eleito à Justiça Eleitoral.
A Bolsonaro Digital LTDA. é uma empresa de marketing registrada em abril de 2017, com endereço em um apartamento residencial em Vila Isabel, no Rio de Janeiro. A sociedade foi criada para monetizar vídeos e produções nas redes sociais.
Procuradas pelo Metrópoles, por telefone e por e-mail, as assessorias de imprensa de Flávio e Jair Bolsonaro não retornaram o contato até a última atualização desta matéria.
Na mira do Coaf
A partir da investigação de movimentações financeiras atípicas de assessores parlamentares da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), incluindo o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, um novo relatório foi pedido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão vinculado ao Ministério da Justiça.
Com base no documento, Queiroz passou à condição de investigado pelo MPRJ devido à movimentação considerada atípica pelo Coaf de R$ 1,2 milhão durante um ano. Os valores que passaram pela conta bancária do ex-assessor em três nos podem chegar a R$ 7 milhões, conforme revelou O Globo.
O novo documento aponta que foram encontrados quase 50 depósitos em dinheiro numa conta de Flávio Bolsonaro – foram R$ 96 mil em apenas cinco dias. Segundo o relatório, o filho do presidente da República fez um pagamento de R$ 1.016.839 de um título bancário da Caixa Econômica Federal. Contudo, o órgão não conseguiu identificar o favorecido. Também não há data e nenhum outro detalhe sobre o pagamento.
O filho do presidente, em entrevista concedida à RecordTV, no domingo (20/1), afirmou que o pagamento do título bancário se refere à negociação de imóveis. O título pago à Caixa diria respeito ao financiamento de um apartamento, quando saiu o Habite-se. O depósito de R$ 96 mil feito em sua conta, parcelado em 48 pagamentos de R$ 2 mil, seria uma parte do valor da venda do mesmo imóvel, que ele teria recebido em dinheiro vivo do comprador.
Nem Flávio nem Queiroz prestaram depoimento oficialmente ao Ministério Público do Rio de Janeiro sobre as conclusões dos relatórios do Coaf.