As vestes tradicionais, como gibão e chapéu de couro já podiam ser vistas logo cedo nas imediações do Estádio Paulo Coelho. Era dali, que, um pouco mais tarde, cerca de 1.000 vaqueiros de todas as regiões de Petrolina, sairiam em cortejo até a Orla da cidade, repetindo o que ocorre há quase 80 anos. Numa relação de fé e cultura, a Missa do Vaqueiro já virou tradição no calendário municipal. Após dois meses de festividades, foi com a bela celebração que o ciclo junino, promovido pela Prefeitura de Petrolina, foi encerrado.
De pequenas crianças sorridentes a idosos com as marcas do tempo em seus rostos, a comemoração da fé, da vida e da lida do vaqueiro emocionava a todos que lotaram as margens do Rio São Francisco. A missa, celebrada pelo padre Expedito Claudino, teve um dos momentos mais bonitos quando os objetos de trabalho da vaqueirama foram abençoados.
João Bosco, o “Bosquinho da Caiçara”, 72 anos, era um dos vaqueiros mais animados. “É o momento de agradecer a Deus e fazer uma bonita festa de fé para todos os vaqueiros e seus familiares. É muito emocionante participar mais uma vez”, diz.
Montado a cavalo e acompanhando o cortejo de perto, o prefeito Miguel Coelho, ao lado do deputado estadual Anonnio Coelho, destacou o quanto a Missa do Vaqueiro é importante para a manutenção da tradição local. “É uma festa que carrega muita história, e nós temos que apoiar e prestigiar. O vaqueiro faz parte do imaginário popular do povo pernambucano, portanto, é nossa obrigação manter isso vivo. Só temos a agradecer pelos dois meses de festa que fizemos, confirmando Petrolina como o Melhor São João do Brasil”, comemorou.
Durante a missa, cinco vaqueiros receberam a medalha de honra ao mérito Carlos Augusto Amariz, uma justa homenagem ao radialista falecido em 2015. A celebração contou ainda com a presença do coral de aboiadores de Serrita, o coral dos homens do terço do Quati e o encerramento com uma bela apresentação do Quinteto Violado.
História
A Missa do Vaqueiro de Petrolina, segundo os mais antigos participantes, foi iniciada em 1941 por conta de um acidente envolvendo um sertanejo ferido por um pedaço de pau durante uma cavalgada pela caatinga. A queda e o ferimento profundo deixaram o vaqueiro chamado Timóteo em condições graves. Para auxiliar na recuperação, amigos do sertanejo pediram uma missa ao padre Américo Soares. O vaqueiro Timóteo conseguiu sobreviver e voltar a montar a cavalo pouco tempo depois e, desde então, a cerimônia é realizada anualmente para pedir proteção a toda vaqueirama de Petrolina.