O FaceApp está bombando nas redes sociais por conseguir um resultado convincente ao deixar uma pessoa com aparência mais velha nas fotos. No topo da lista de downloads na Google Play Store e na App Store, o aplicativo conta com outros filtros também populares, como o que deixa o rosto mais jovem e o que “muda o sexo”.
Embora pareça divertido, o serviço, disponível para Android e iPhone(iOS) traz preocupações em relação à sua política de privacidade e aos termos de uso. Isso porque os dois documentos são vagos e não oferecem muito respaldo aos seus usuários, dando brechas para uso abusivo das fotografias por parte da empresa. Confira abaixo os principais aspectos dos termos do FaceApp antes de baixar e usar o aplicativo viral.
O fato de o FaceApp ser desenvolvido pela Wireless Lab, uma empresa russa, também tem sido motivo para levantar suspeitas. No entanto, o funcionamento do app em si não parece ter nada de anormal. A Kaspersky analisou o serviço e não identificou atividade maliciosa. “A foto é enviada para os servidores do app, que fazem a modificação e enviam de volta para o usuário”, descreve Fabio Assolini, analista sênior de segurança da empresa de antivírus.
Política de privacidade do FaceApp
Especialistas em segurança avaliam que a política de privacidade do FaceApp é extremamente vaga, não fornecendo informações de como realmente os dados do usuário são utilizados pela companhia. Nas palavras do comentarista de tecnologia Stilgherrian ao veículo ABC News, “Esta é uma política de privacidade padronizada, que efetivamente oferece a você nenhuma proteção”.
No primeiro tópico do texto, “Informações que coletamos”, a companhia afirma que usa ferramentas de análise de terceiros para medir o tráfego e as tendências de uso, e que essas ferramentas coletam informações como “páginas da web visitadas, extensões e outras informações que nos auxiliam na melhoria do serviço”. Ao inserir este último trecho, o aplicativo admite que pode coletar qualquer tipo de informação que ele próprio julgar conveniente, sem especificar quais dados ou de que forma serão trabalhados.
Já no terceiro item, “Compartilhamento de Suas Informações”, o FaceApp abre o parágrafo afirmando: “nós não iremos alugar ou vender suas informações para terceiros fora do FaceApp (ou do grupo de empresas das quais a FaceApp faz parte)”. Porém, apenas algumas linhas depois, a plataforma explicitamente diz que compartilha algumas informações com parceiros de publicidade de terceiros, com o objetivo de fornecer anúncios segmentados.
O aplicativo ainda se resguarda o direito de contornar leis de proteção de dados de determinadas regiões. Ele faz isso transferindo dados dos usuários para servidores em países onde tais legislações não existem, conforme descrito no tópico 4, “Como armazenamos suas informações”.
“FaceApp, suas Afiliadas ou Provedores de Serviços podem transferir informações que coletamos sobre você, incluindo informações pessoais, além das fronteiras do seu país ou jurisdição para outros países ou jurisdições ao redor do mundo. Se você estiver na União Europeia ou em outras regiões com leis que regem a coleta e uso de dados que possam diferir da legislação dos EUA, por favor note que podemos transferir informações, incluindo informações pessoais, para um país e jurisdição que não tenha a mesma proteção de dados.”
Termos de Uso
Os termos de uso do FaceApp podem ser igualmente problemáticos. Em um dos tópicos, “Conteúdo do Usuário”, o documento determina:
“Você concede ao FaceApp uma licença perpétua, irrevogável, não exclusiva, isenta de royalties, global, totalmente paga, sublicenciável e transferível para usar, reproduzir, modificar, adaptar, publicar, traduzir, criar trabalhos derivados, distribuir, executar publicamente e exibir seu Conteúdo de Usuário e qualquer nome, nome de usuário ou imagem fornecidos em conexão com o seu Conteúdo de Usuário em todos os formatos e canais de mídia atualmente conhecidos ou desenvolvidos posteriormente, sem qualquer compensação para você.”
No trecho supracitado, a companhia indica que poderá fazer o que quiser com as fotos enviadas para o app, e essa ação é irrevogável. Uma vez que os termos de uso forem aceitos por alguém, essa pessoa não terá mais direito de voltar atrás e suspender o direito do aplicativo de usar suas imagens.
Um pouco mais adiante, o texto afirma que aceitar os termos implica em dar consentimento para que o FaceApp use o conteúdo de usuário independentemente de esse conteúdo incluir nome, semelhança, voz ou personalidade de um indivíduo em nível suficiente a indicar sua identidade. Assim, seu rosto — seja ele envelhecido ou não — pode acabar em um outdoor em um país remoto sem que você possa reclamar.
Outras polêmicas
O fato de o FaceApp ser desenvolvido pela Wireless Lab, uma empresa russa, também tem sido motivo para levantar suspeitas. No entanto, o funcionamento do app em si não parece ter nada de anormal. A Kaspersky analisou o serviço e não identificou atividade maliciosa. “A foto é enviada para os servidores do app, que fazem a modificação e enviam de volta para o usuário”, descreve Fabio Assolini, analista sênior de segurança da empresa de antivírus.
Uma polêmica real a respeito da plataforma é seu histórico de racismo. Quando foi lançado, no início de 2017, o FaceApp possuía um filtro de “embelezamento” que clareava o tom dos usuários, causando resultados inusitados em pessoas negras.
Por: Raquel Freire, para o TechTudo