Uma missão da Nasa (agência espacial norte-americana) pretende desviar a rota de um asteroide que passará próximo ao planeta Terra. Se você pensou que estamos falando de “Armagedon”, filme estrelado por Bruce Willis, está bastante enganado. A agência espacial americana e a Agência Espacial Europeia (ESA) uniram forças e fecharam um contrato de 129,4 milhões de euros para a missão Hera.
A intenção é justamente a mesma do filme lançado no Brasil em 1998. A função da parceria não é salvar a vida na Terra neste momento, mas estudar formas para que, caso seja necessário, as agências consigam evitar que a humanidade tenha o mesmo triste fim dos dinossauros.
Para isso, antes mesmo de a missão Hera entrar em ação, a missão Dart (sigla em inglês para Teste de Redirecionamento Duplo de Asteroides) será a primeira e ser executada. Essa ação tem previsão para ocorrer no final de setembro de 2022 e tem como alvo o asteroide Didymos.
O Didymos é um sistema binário, ou seja, são dois corpos espaciais, sendo um asteroide de aproximadamente 780 metros de diâmetro e outro com 160 metros de diâmetro. Esse corpo menor orbita o maior e foi nomeado de Dimorphos —é chamado pela Nasa de lua de Didymos. Ele é considerado o asteroide com seu tamanho mais facilmente acessível a partir da Terra.
Esse sistema de asteroides é o que a ESA descreve como “uma classe pouco compreendida” que constitui cerca de 15% de todos os asteroides conhecidos.
Como será feito?
A primeira tentativa dos cientistas em desviar um objeto espacial usará o que os especialistas chamam de “impacto cinético”. A operação consiste em enviar a espaçonave Dart até o corpo menor de Didymos e provocar uma colisão. A ideia é de que o impacto mude a trajetória do corpo celeste.
De acordo com a Nasa, o Dart será lançado a bordo de um foguete SpaceX Falcon 9 da Base da Força Aérea de Vandenberg, Califórnia. Após a separação do veículo de lançamento e mais de um ano de cruzeiro, ele interceptará a lua de Didymos, quando o sistema estará a cerca de 11 milhões de quilômetros da Terra.
A espaçonave que será enviada pela Nasa atingirá Dimorphos a uma velocidade de aproximadamente 6,6 km/s, abrindo uma cratera de 20 metros. Ela é equipada com dois painéis solares de 8,5 metros de comprimento cada um. Internamente, haverá uma câmera que ajudará a navegação pelo espaço e a identificar o alvo da missão.
“O que queremos é alterar a velocidade do objeto em talvez um centímetro por segundo”, explica o astrônomo Andy Rivkin, um dos líderes de missão, no portal Dart. Essa alteração pode não parecer significativa, mas seria suficiente para desviar um objeto e salvar a Terra de colisões.
A colisão deve ser quase de frente, e o plano é, com o impacto, conseguir encurtar o tempo que o pequeno asteroide leva para orbitar Didymos por vários minutos. Dimorphos orbita seu “asteroide pai” a uma distância de 1,2 km, a cada 12 horas.
Entre todas as opções avaliadas, a Nasa considera o impacto cinético o método “mais simples e tecnologicamente maduro” de defender a Terra dos asteroides.
Onde entra a missão Hera?
O lançamento da nave espacial Hera está previsto para outubro de 2024, com expectativa de chegar ao sistema binário no final de 2026. Após sua chegada, Hera, que carregará dois satélites menores conhecidos como CubeSats, deve ficar por perto por pelo menos seis meses.
A intenção é realizar uma pesquisa detalhada e desvendar todo o trabalho que Dart conseguiu fazer ao impactar Dimorphos. Além disso, Hera também demonstrará novas tecnologias, como a navegação autônoma ao redor do asteroide (como os carros autônomos) e coletará dados científicos cruciais para ajudar os cientistas e futuros planejadores de missões a entender melhor as composições e estruturas dos asteroides.
Para isso, a espaçonave implantará os CubeSats para conduzir, entre outras coisas, a primeira sonda de radar do interior de um asteroide. Hera irá escanear a forma da cratera do Dart em busca de informações que possam ajudar a projetar missões de deflexão de asteroides no futuro.
Um dos principais objetivos da missão conjunta é estimar a massa da lua de Didymos. Hera deverá fazer isso com uma precisão de 90%. Isso “só é possível voando até lá”, diz a ESA.
“Hera aprimorará nossa compreensão desta grande escala experimento espacial. Seus dados permitirão, pela primeira vez, a validação ou refinamento de modelos numéricos do processo de impacto na escala de asteroides, tornando esta técnica de deflexão para defesa planetária pronta para uso operacional caso seja necessário para salvaguardar nosso planeta natal”, afirma, em seu site, a agência europeia.
Por: Bol.Uol