Uma portaria editada pelo Ministério da Economia, de Paulo Guedes, escancara a desfaçatez do governo ao tratar o funcionalismo público como vilão das contas da União.
Em uma canetada, Paulo Guedes criou um artifício para furar o teto constitucional – baseado nos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), de R$ 39.293,32 – e permite o reajuste de até 69% no salário de Jair Bolsonaro e de ministros militares do governo.
Publicada em 30 de abril, a portaria que edita o chamado “teto duplo” turbina a remuneração de aposentados e militares inativos nomeados em cargos no serviço público, que poderão acumular ganhos de até R$ 78.586,64 por mês.
Com a medida, que entra em vigor a partir do mês de junho, Bolsonaro passa a receber um salário de R$ 41,6 mil, uma alta de 6%.
O vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), que é general da reserva, terá um aumento de quase 64%, passando a receber R$ 63,5 mil.
Os ministros Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), Walter Braga Netto (Defesa) e Augusto Heleno (GSI) também entrarão no trem da alegria de Guedes.
Ramos passará a receber R$ 66,4 mil (alta de 69%); Braga Netto, R$ 62 mil (+ 58%); e Heleno, R$ 63 mil (+ 60%).
Marcos Pontes, que fez carreira nas Forças Armadas e deixou a vida militar após se tornar astronauta, terá um aumento de 44%, passando a receber R$ 56,4 mil mensais.
Segundo o Ministério da Economia, a medida vai beneficiar cerca de mil servidores aposentados que têm cargos em governos. O impacto fiscal é estimado pelo governo em aproximadamente R$ 66 milhões ao ano.