Há muita magia em torno do aleitamento materno, além da pressão feminina que gira em torno desse tema. Apesar de ser algo natural, o aleitamento materno se tornou um termômetro, muitas vezes, da aprovação e do título ou não de uma boa mãe. O que muitas mulheres não sabem e não é amplamente discutido durante a gestação é que, muitas dessas futuras mães, não conseguirão amamentar, seja por questões biológicas, psicológicas ou até por escolha própria, o que ainda continua sendo um tabu na nossa sociedade. A Semana Mundial do Aleitamento Materno, movimento em defesa do aleitamento materno, comemorada no início deste mês, nos fez refletir sobre o assunto e tirar dúvidas com os especialistas.
Muito se fala sobre o impacto da amamentação na primeira infância da criança, mas pouco se fala sobre como esta ação, considerada simples e instintiva para o ser feminino, se torna, muitas vezes, um momento delicado para aquelas que não a consegue ou simplesmente optam por não seguir com a amamentação.
De acordo com a pediatra e professora do curso de medicina do IDOMED (Instituto de Educação Médica), Ana Paula Medes, a falta do aleitamento materno causa impactos na saúde da criança, especialmente na imunidade, pois o leite materno contém imunoglobulinas que são a defesa do corpo para vários tipos de doenças e a sua ausência aumenta o risco de obesidade nessas crianças.
Mas a especialista esclarece, ainda, que as fórmulas infantis do primeiro semestre de vida possuem nutrientes e compostos essenciais para o bom desenvolvimento do bebê nesse período de vida em substituição ao leite materno.
“Estas fórmulas são aliadas das mamães a medida em que elas percebem, nas consultas pediátricas, o bom crescimento e desenvolvimento de seus bebês durante o seu uso. Claro que o ideal sempre será o leite materno como alimento exclusivo nos seis meses de vida iniciais, mas as mães que não conseguem ou não podem amamentar seus filhos sentem o alívio de poderem utilizar fórmulas nutritivas e seguras para eles”, declara a pediatra e professora do IDOMED, Dra. Ana Paula Medes.
Anna Paula Oliveira, psicóloga e Professora do IDOMED, faz um alerta importante: é necessário desconstruir o que já foi enraizado e cristalizado sobre esse tema. “O aleitamento materno não é um ato simples e instintivo, mas a nossa sociedade construiu essa forma de pensar sobre o assunto. O aleitamento materno é um processo e uma construção, mas muitas vezes difícil também para determinadas mulheres”, declara a especialista.
Segundo a psicóloga, os profissionais de saúde necessitam de preparo e precisam estar atentos para fortalecer essa mãe. “Quando se fala em algo simples e instintivo, como é visto pela sociedade, já faz essa mulher\mãe entrar em sofrimento psíquico, com pensamentos como: tenho que ter leite o suficiente, será que meu leite tem sido suficiente? A mulher tensa e ansiosa acaba gerando hormônios no corpo que impedem a produção de leite. Assim, é relevante instruir essas mulheres e seus familiares sobre a temática”, conclui ela.