Novo medicamento para combater a obesidade pode reduzir até 17% do peso corporal

O endocrinologista e professor do Instituto de Educação Médica (IDOMED), Rogério Couras, afirma que o medicamento poderá ser utilizado em tratamentos de obesidade grau 3 e grau 2 com comorbidades. O seu uso deve estar aliado a dietas e atividades físicas.
Um medicamento que utiliza como princípio ativo a semaglutida, que já é utilizada para o tratamento de diabetes tipo 2, foi recentemente liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Wegovy é injetável, deve chegar ao Brasil este ano e promete ser um grande aliado em tratamentos contra a obesidade de milhares de pacientes. Estudos realizados pela fabricante, apontaram que pacientes que fizeram uso da droga em tratamento de pouco mais de um ano, tiveram perda de peso média de 17%.
O endocrinologista e docente do Instituto de Educação Médica (IDOMED), Rogério Couras, explica que o medicamento atua interferindo nos receptores cerebrais que dosam a sensação de saciedade e fome. “A semaglutina age especificamente no hipotálamo, que fica no cérebro. O medicamento se passa pelo hormônio GLP-1 que o intestino libera após as refeições e engana os centros de saciedade e fome”, explica.
Avanço no tratamento
Rogério Couras considera a chegada do Wegovy no Brasil um avanço nas opções de tratamento para obesidades grau 3 e grau 2 com comorbidades, mas faz questão de destacar que o uso dele, por si só, não resolve o problema por completo. “Não é um remédio milagroso e exige esforço para a perda de peso do paciente. O medicamento pode ser considerado um forte aliado. É preciso que o paciente se comprometa a aderir uma vida saudável, fazendo dietas e exercícios físicos. Pessoas que usam as medicações e não associam a elas mudanças no estilo de vida, acabam ganhando o peso perdido com juros”.
O endocrinologista também ressalta que o uso do medicamento é para tratamentos de obesidade e não para quem deseja perder apenas poucos quilos, além disso, ele só deve ser utilizado com indicação e acompanhamento médico. “Quero aproveitar para destacar que o automedicamento é muito perigoso, pode causar efeitos colaterais indesejáveis e graves”, completa o médico.
Dados sobre a obesidade
A obesidade atinge um a cada cinco brasileiros, segundo o Ministério da Saúde. Rogério Couras explica que a classificação da obesidade se dá pelo cálculo do índice de Massa Corpórea (IMC) que é feito pelo peso dividido pelo quadrado da altura do paciente. Quando o resultado é igual ou acima de 30, a pessoa é considerada obesa.

“É muito importante tratar a obesidade, pois é uma doença que causa outras como diabetes tipo 2, doenças cardíacas, doença hepática gordurosa não alcoólica, apneia do sono. Fora isso ela está ligada à diminuição da expectativa de vida e ao desenvolvimento de problemas psicológicos como depressão, ansiedade e baixa autoestima”, finaliza Couras.