Fernando de Noronha viveu uma noite de fé e emoção nesta quinta-feira (6), no primeiro dia da encenação da Paixão Cristo na ilha. Muitas pessoas foram até a Vila dos Remédios acompanhar a tradicional e esperada história de Jesus, representada por moradores do arquipélago. O espetáculo começou às 21h e terminou por volta das 22h10.
A peça aconteceu em frente à Paróquia de Nossa Remédios, no Sítio Histórico do Cachorro, e foi acompanhada atentamente por muitos noronhenses e turistas, que fizeram da escadaria da igreja a arquibancada. Na ocasião, as pessoas puderam aproveitar o momento para refletir sobre o significado da Páscoa e dos ensinamentos do filho de Deus.
A apresentação começou com Jesus, interpretado pelo ator e músico paraibano, Amandi Cortez, e com João Batista, o responsável por fazer o batismo de Cristo. Outras 47 cenas ocorreram em diferentes lugares da Vila e seguiram recriando vários episódios da vida de Jesus, algumas em momentos mais intimistas, como o Sermão da Montanha e a Última Ceia, passando pela Via-Crúcis dos últimos instantes de Cristo, resultando nos dois momentos mais aguardados da noite: a tristeza da morte e o ápice da ressurreição. A bela cena final foi realizada no sineiro da paróquia, emocionando o público.
Para Ney Costa, diretor da Paixão de Cristo, este ano foi ainda mais emocionante, pois foi o primeiro sem a presença da mãe e criadora do evento, dona Nanete. “Minha mãe se foi, mas deixou esse legado. Ela deixou esse amor no sangue dos filhos, a aptidão para o teatro. Fiquei responsável por continuar o sonho dela. Essa apresentação mexe com a comunidade inteira, todo mundo se ajuda. Eu percebi que o espetáculo está evoluindo, em cada ano fica melhor. Na minha opinião, o espetáculo da Paixão é o maior evento de Fernando de Noronha”, disse.
Amandi Cortez, que interpreta Jesus, falou da importância e dos ensinamentos que ele aprende atuando na peça. “Todas as palavras de Jesus são muito modernas, principalmente sobre como amar o próximo como a ti mesmo. Ou seja, até hoje, nós como humanidade, ainda não evoluímos para essas simples palavras que Jesus falou. Então, eu represento um pouco do que esse homem fantástico nos ensinou enquanto humanidade. É uma grande responsabilidade, é desafiador representá-lo. Sempre tento imaginar com a cabeça de Jesus como ele poderia agir em situações intrigantes, como a traição de Judas, por exemplo. Fazer Jesus Cristo por quatro anos é uma dádiva maravilhosa.”
Nesta Sexta-feira Santa, dia em que o Cristianismo relembra a morte de Jesus, a encenação vai acontecer mais cedo, às 18h30. Por conta da data, o momento da ressureição vai ser ainda mais especial, com a cena do ressurgimento de Cristo representada em outro local.
Na Paixão de Cristo de Noronha, cerca de 160 pessoas, entre atores, figurantes e técnicos, fazem parte do espetáculo para levar a melhor experiência ao público. Essa é a 28ª edição, apoiada pela Administração Distrital. Uma ideia que começou em 1992, com a produtora cultural e incentivadora da cultura popular, Ana Martins da Costa, mais conhecida como dona Nanete, falecida em fevereiro de 2020, e que agora está sendo levada adiante por sua família.
Fotos: Gabriel Moura