Especialista do HU-Univasf fala sobre tratamento e complicações da fissura labiopalatina

Estima-se que uma a cada 650 crianças nascidas no Brasil tenha essa condição que afeta a alimentação, respiração e aparência física.

Em 24 de junho é celebrado o Dia Nacional de Conscientização sobre a Fissura Labiopalatina, uma malformação congênita que provoca alteração na fusão dos processos faciais durante a gestação. Com o objetivo de conscientizar e informar a sociedade sobre esse problema, especialista do Hospital Universitário da Universidade Federal do Vale do São Francisco (HU-Univasf), administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), fala sobre o assunto e a importância de tratar a malformação com um profissional, de forma multidisciplinar.
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A fissura traz complicações para a alimentação e a respiração, provoca alterações na arcada dentária, afeta o crescimento facial, além de acarretar prejuízo no desenvolvimento da fala, da audição e na aparência física. O cirurgião-dentista/bucomaxilofacial do HU-Univasf, Pedro Henrique Lopes, explica que as fissuras podem ser incompletas (parte do lábio) ou as que acometem o lábio e o céu de boca de forma completa, podendo ser uni ou bilaterais. Sua causa está relacionada a fatores genéticos e ambientais como o uso de bebida alcoólica, cigarros e alguns medicamentos como corticoides e anticonvulsivantes, principalmente no primeiro trimestre da gestação.
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Tratamento
O tratamento da fissura pode ser cirúrgico e clínico, envolvendo profissionais de várias especialidades: fonoaudiólogos, fisioterapeutas, pediatras, otorrinolaringologistas, cirurgiões plásticos, cirurgiões dentistas de várias especialidades, além de pedagogos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais. A depender da complexidade do caso, podem ser necessárias várias etapas cirúrgicas ao longo de sua vida. No tratamento clínico, é necessário o acompanhamento ostensivo do paciente ao longo de seu crescimento, até a idade adulta.
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No HU-Univasf são realizadas cirurgias para a correção da fissura. O hospital vem participando de mutirões para a realização desses procedimentos, disponibilizando o centro cirúrgico e toda parte assistencial envolvida no serviço, em parceria com o Instituto Bucomaxilofacial (IBM), entidade filantrópica localizada em Petrolina-PE que oferece apoio a pacientes e familiares. O último mutirão foi realizado em abril deste ano.
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Convívio em sociedade
O não tratamento da fissura labiopalatina também pode afetar o convívio social para a pessoa com essa condição, devido a aparência física da face e a voz nasalizada, uma das características do fissurado. “As pessoas que chegam à idade adulta sem o devido tratamento são marginalizadas, não conseguem se inserir no mercado de trabalho, ficam excluídas da sociedade, sentem vergonha de conversar e participar da comunidade”, disse o cirurgião-dentista Pedro Henrique.
Bruna Rafaela Oliveira dos Santos, que aos 34 anos passou por cirurgia para correção da fissura no HU-Univasf, disse que hoje está muito feliz por ter realizado seu sonho. “Me sinto uma pessoa tão diferente e graças a Deus estou indo bem”, enfatizou Bruna. Ela relata que sua vida antes era um pouco complicada, pois riam de sua aparência. “Agora estou diferente e algumas pessoas não estão me reconhecendo. Dizem que eu já era bonita e que fiquei ainda mais linda”.
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Sobre a Ebserh
O HU-Univasf faz parte da Rede Ebserh desde 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.