Depois de ocuparem a comporta do canal secundário no Pontal Sul, no último domingo (18), agricultores do Pontal Central estiveram na Codevasf, em Petrolina, na manhã desta segunda-feira (19), para solicitar a disponibilização de mais água para atender a demanda dos quase 500 agricultores familiares que produzem no local. O movimento é por tempo indeterminado. Ano passado, uma mobilização durou 41 dias com o mesmo objetivo de buscar a resolução do problema da falta de gestão na distribuição da água na área.
Os agricultores familiares buscam segurança hídrica, uma vez que a água liberada não atende a demanda das famílias para fins agrícolas.
De acordo com o presidente do Consu Pontal, Reginaldo Alencar, são 452 agricultores familiares irrigando mais de 750 hectares e gerando mais de 800 empregos diretos e a cota social não atende a demanda de produção. “Com a escassez de chuvas, as famílias têm a necessidade da água para fins agropecuários, nós precisamos que a Codevasf não interrompa a distribuição da água, que não pare de bombear nesta área porque para os agricultores que dependem da sobra da água a dificuldade aumenta e a Companhia alega que em função das dívidas com a Celpe, atualmente Neoenergia, não é possível a liberação total da água. Mas é importante lembrar também, que os colonos e empresários pagam as contas de água e o recurso pago vai para o Tesouro Nacional e não chega à Codevasf”, relata Alencar que reforça a importância da emancipação do Perímetro para assegurar a administração da água.
Antevendo uma nova crise hídrica, que geralmente ocorre todos os anos entre os meses de julho a dezembro, os agricultores relatam a peleja em busca de água. “Nos meses de janeiro a junho ainda contamos com as águas das chuvas, mas nos meses seguintes sofremos com as consequências de sua falta. Já são muitos anos vivendo nesta luta, pedindo a regularização da água para quem mora e produz no local, que tem área irrigada e outra parte de sequeiro. Nós agricultores temos dificuldades na criação de animais e no plantio de frutas e verduras, pois precisamos da água para manter a nossa produção”, explica Francisca Ribeiro, agricultora no Pontal e vice-presidente do Sintraf Petrolina.
A tensão das famílias aumenta quando as barragens chegam ao volume morto e outros secam, a exemplo das Barragens da Lagoa da Pedra e do Gavião que já atingiram um nível tão abaixo que é impossível bombear e outras como as Barragens de Amargosa, Mandim, Cumprida e Poço do Canto que estão secando.
A presidente do Sintraf Petrolina, Isália Damacena, ratifica o movimento e chama a atenção dos representantes políticos do município para resolver esse impasse. “É possível acabar com essa pendência e vamos continuar lutando para que a viabilidade da água no Pontal seja uma realidade evitando que os agricultores familiares percam suas culturas e continuem impulsionando a produção agrícola de Petrolina”, ratifica o movimento.
O Conselho de Usuário da Água do Pontal Central-Consu Pontal foi criado em 2002, com o objetivo manter a gerência e uso racional da água e de lutar pela segurança hídrica dos agricultores familiares.
Por: Mônia Ramos -Jornalista – Ascom