Com aproximadamente 66 horas de apresentações, o Festival Pernambuco Meu País, promovido pelo Governo do Estado por meio da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-Pe) e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), atraiu mais de 24 mil pessoas entre os dias 16 e 18 de agosto em Triunfo, no Sertão do estado, segundo informações da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE). O evento ofereceu 8 países que abraçam diversas linguagens culturais e 64 atrações diferentes, garantindo entretenimento gratuito para o público.
Quem esteve no Pátio de Eventos Maestro Madureira, o polo principal do Festival, desfrutou da oportunidade de assistir a artistas pernambucanos e nacionais de altíssima qualidade. Na sexta-feira (16), o palco recebeu o espetáculo Pernambuco Meu País (PE), Monbojó (PE), Gerlane Lops (PE) e Jorge Aragão (RJ). No sábado (17), foram as apresentações de Labaredas (PE), Rossi Original Itamaracá (PE), Conde Só Brega (PE) e Tierry (BA) que encantaram o público. Por fim, no domingo (28), Natascha Falcão (PE), Lucy Alves (PB), Toni Garrido (RJ) e Biquíni (RJ) encerraram o final de semana com chave de ouro.Como já é tradição, o espetáculo Pernambuco Meu País abriu os trabalhos do palco homônimo na sexta-feira (16), misturando diversos ritmos da cultura popular pernambucana com outras linguagens artísticas como circo, dança e artes cênicas. Com direção musical de Jam da Silva e direção coreográfica de Maria Paula Costa Rêgo, o espetáculo presta uma reverência a dois ícones eternos da nossa cultura: Naná Vasconcelos e Abelardo da Hora, homenageados do festival Pernambuco Meu País. O espetáculo foi criado especialmente para o festival e traz em seu cerne referências às artes desses dois mestres pernambucanos.
Ainda na sexta-feira, a veterana Mombojó fez sua estreia em Triunfo no Palco Pernambuco Meu País. Trouxeram o show do último disco, Carne de Caju, com regravações de canções de Alceu Valença. Apresentação agitada e tropical, passando por sucessos como Morena Tropicana, Sino de Ouro, Coração Bobo e Solidão, assim como suas próprias músicas autorais, canções como Casa Caiada, A Missa e Deixe-se Acreditar, esquentando a noite.
Em seguida, a sambista pernambucana Gerlane Lops subiu ao palco para esquentar ainda mais o público. No repertório da apresentação, destacaram-se músicas como “Eu Só Quero um Xodó”, “Fulminante”, “O Samba Chegou”, “Alguém Me Avisou”, “Reconvexo” e “Ah, Se Eu Vou”.
A noite foi encerrada com chave de ouro com uma das maiores realezas do samba. Jorge Aragão espantou o frio ao som de batuques, cavacos, bandolins e violas. O carioca, um dos mestres do ritmo, trouxe suas grandes composições em sua voz marcante, tais como Identidade, Coisa de Pele, Já É e Do Fundo do Nosso Quintal, encerrando o primeiro dia do polo.
No sábado (17), A força do brega foi bem representada pelos seus veteranos. A começar pela banda Labaredas, uma das pioneiras do estado, com 40 anos de estrada, que trouxe as raízes do ritmo e toda sua conexão com as latinidades. Não ficaram de fora sucessos como Garotinha Linda, Garotinha Linda e Procure me Esquecer. Os corpos já começaram a ficar juntinhos, entoando as canções do começo ao fim.
Por falar em veteranos, quem embalou a noite logo em seguida foi a Rossi Original, com a banda que acompanhou a realeza do brega, Reginaldo Rossi, cantando o que há de melhor no cancioneiro do rei. “Garçom”, “A Raposa e as Uvas”, “Leviana” claro que não ficaram de fora, assim como outras canções que marcaram o coração de todo pernambucano. “Foi um show maravilhoso, cheio de emoção, o pessoal tudo cantando com a gente, um grande prazer. Ficamos muito felizes”, declarou o vocalista da banda.
Em seguida foi a vez do Conde Só Brega, dono de um repertório inteiramente na ponta da língua do público, com sua presença de palco que marcou a história do ritmo no estado. Magnético, conduziu o coro de milhares de vozes, cantando clássicos como “Azafama”, “Espelho do Poder”, “Procure Entender” e “Não Devo Nada a Ninguém”.
De Pernambuco a Bahia, dos veteranos às novas vozes, foi a vez do arrocha e do sertanejo de Tierry. Não ficaram de fora sucessos como “Rita”, “Hackearam-me”, “Cabeça Branca”, além de clássicos sertanejos, como composições suas que ficaram famosas na voz de Marília Mendonça.
No domingo (18), Natascha Falcão deu início ao evento, encantando o público triunfense com músicas de seu álbum “Ave Mulher”, indicado ao Grammy Latino em 2023. Além de suas composições autorais, Natascha presenteou a plateia com versões marcantes de clássicos do forró como “Anjo Querubim” da banda Limão com Mel e “Agora estou sofrendo” de Cacinha Preta, mostrando toda a sua versatilidade.
Logo depois, Lucy Alves assumiu o palco, trazendo ainda mais energia com seu forró e fazendo a sanfona ressoar com um ritmo contagiante que rapidamente colocou o público para dançar ao som de suas músicas autorais e releituras. No repertório, canções como “Saudade meu remédio é cantar” e “Olha pro céu meu amor” de Luiz Gonzaga, “Cumbia do Amor” da Banda Calypso, além da autoral “Forró em Cabedelo”, animaram a plateia. “É uma alegria imensa estar aqui com vocês nesta noite. Pernambuco é como se fosse minha segunda casa; vivi muitas experiências aqui,” declarou Lucy com entusiasmo.
Em seguida, Toni Garrido trouxe o ritmo do reggae para Triunfo. O show começou com o sucesso “Pensamento”, seguido por “A Estrada” e “Onde Você Mora”. Durante a apresentação, Toni ensinou ao público como dançar ao som do reggae: “Está ouvindo o batimento do seu coração? É o mesmo ritmo do reggae. É só se deixar levar, relaxar e dançar”, explicou.
Muito aguardada pelo público, a banda Biquini subiu ao palco com uma energia contagiante, incendiando a plateia com o clássico “Tédio”, primeira composição do grupo, seguida de “Impossível”, “Dani”, “Vento ventania”, “Janaína” e “Timidez”. Cada canção chegou de forma única para o público, que formando um grande coro demonstrou a força do repertório da banda e a profunda conexão que o grupo tem com seus fãs. “Adoramos estar em Pernambuco, principalmente em uma cidade linda como Triunfo com tantos patrimônios culturais”, afirmou Bruno Gouveia, vocalista da banda.
Além do palco principal, quem passou por triunfo também pode aproveitar nos demais polos muitas atividades que abraçaram a nossa cultura nas mais diversas linguagens, como as realizadas no País da Literatura, País das Culturas Populares, País das Conexões Urbanas, País da Música, País das Artes Cênicas e País das Conexões Visuais.
Na manhã da última sexta-feira (17), por exemplo, foi realizado no polo País da Literatura, o Fórum de Mercado em Arte e Cultura com o debate “Literatura popular: a poesia viva do Pajeú”, com a poetisas Thaynnara Queiroz; Milene Augusto, Luna Vitrolira e a produtora cultural Taciana Enes.
A plateia estava formada majoritariamente por alunos do ensino fundamental de uma escola da área rural de Triunfo e muitos deles estavam tendo seus primeiros contatos com um evento deste tipo. Atentas e interessadas, acompanharam ao longo da manhã os versos declamados pelas poetas. Um momento único promovido pelo festival em que a formação de leitores e de público de poesia estava acontecendo de forma natural.
No sábado (17), a força das matrizes africanas da cultura popular pernambucana esteve muito bem representada. No País das Culturas Populares, palco localizado na Praça do Avião, o Samba de Véio da Ilha de Massangano, o Afoxé Yamin Balé Gilê e Zeca do Rolete envolveram o público com seus ritmos, cores e danças.
Patrimônio Vivo de Pernambuco, o Samba de Véio abriu a tarde com sua mescla de samba de coco, samba de roda e percussões vindas da ilha de Massangana, localizada em Petrolina. “Antigamente nosso grupo era o reisado de Massangana, uma ilha que fica no município de Petrolina, isso ainda na época do meu avô, meu pai. E Samba de Véio, o nome é porque as crianças não podiam acompanhar o grupo porque os mais velhos bebiam”, conta a vocalista Maria de Fátima. “É nossa segunda vez em Triunfo e é uma felicidade muito grande poder estar nessa terra, se apresentando nesse festival.”
No domingo (18), o caminhão-palco seguiu pela estrada da tradição pernambucana com ritmos, cores e artistas defendendo a essência dessas manifestações. No início da tarde, o Grupo Sertão Maracatu abriu os trabalhos com a beleza do maracatu de baque virado em sintonia com cantos e danças tradicionais, como o coco, a ciranda e o ijexá.
O grupo foi fundado em 2010 na cidade de Arcoverde (PE), nascido da união de músicos e professores. “É um prazer imenso estar tocando pela primeira vez em triunfo, e é a minha primeira vez aqui também. Estou bastante feliz com essa estreia”, disse Brennda Ferreira, vocalista do Sertão Maracatu.
O Festival Pernambuco Meu País passará ainda pelos municípios de Arcoverde (23 a 25 de agosto) e Buíque (30 de agosto a 1º de setembro). Em todas as cidades, serão realizados shows, espetáculos teatrais e circenses, exposições visuais, mostras de cinema, intervenções artísticas e muitas outras atividades de linguagens como artesanato, design e moda, gastronomia e literatura, de forma gratuita, para todas as idades.
O Festival Pernambuco Meu País é realizado pelo Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Cultura (Secult-PE) em conjunto com a Fundação de Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Contando ainda com apoios das prefeituras das oito cidades que receberão o evento, assim como das Secretarias de Meio Ambiente (Sema-PE), de Saúde (SES-PE), da Mulher (SecMulher-PE), de Defesa Social (SDS) e de Turismo (Setur-PE), além da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), do Conservatório Pernambucano de Música (CPM) e também da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).