Segundo dia do 15º Festival de Cinema de Triunfo conta com música, cultura popular, terror e histórias da vida cotidiana

O 15º Festival de Cinema de Triunfo seguiu sua programação diversa e plural em seu segundo dia de atividades nesta terça (10), com exibições de curtas, médias e longas, com títulos que trouxeram à tela muita cultura popular e música, passando também pelo cinema de terror, a videodança e o experimentalismo, finalizando com um poderoso e encantador  retrato da vida de uma família da periferia do Recife. A sessão foi realizada no centenário Theatro Cinema Guarany e ainda contou com um intenso debate ao fim da exibição.

A música e a cultura popular já começaram a fazer seu trabalho antes da sessão, com a apresentação do grupo Cambindas, trazendo o espetáculo “Cambindas de Triunfo” para a frente do Theatro, convidando o público para mais uma noite de encantamentos. Essa tônica continuou logo nas primeiras sessões, com a música e a cultura popular também muito presentes nos primeiros curtas. Seja na música do BaianaSystem que ancora o  potiguar Navio, na arte do couro do Mestre Orlando Félix, retratada em Mestre Orlando do Couro: Ancestralidade Viva na Pele Talhada, além de Socorro e Mazé, com a história da dupla de mesmo nome e sua trajetória no forró.

Em seguida, um outro Sertão, desta vez tomado por zumbis, onde uma família se mantém unida para tentar sobreviver nesse cenário em Carniceiros, mostrando a vocação do nosso audiovisual para o cinema de gênero. Continuando a mostra, uma experimentação onírica diretamente de Ouricuri, batizada de Miração, tomou a tela do Theatro Cinema Guarany. Ainda no Sertão pernambucano, a força do samba de coco trupé de Arcoverde com a videodança Sustenta a Pisada!.

A noite foi encerrada com o longa documental Tijolo por Tijolo, de Victória Álvares e Quentin Delaroche. O filme acompanha Cris, uma micro-influenciadora digital do bairro do Ibura, Recife, em uma jornada na qual passa pela construção de sua casa nova depois de ter perdido a antiga, os cuidados com seus três filhos, a sua rotina profissional e uma nova gravidez.

“Depois de rodar em vários estados do Brasil, podemos agora trazer esse filme pernambucano ao Sertão do Pajeú, uma alegria enorme ter essa oportunidade dentro desse festival. Está sendo fantástico descobrir a região e uma dor ter que ir embora”, afirmou a diretora Victória Álvares. “Estamos muito felizes de apresentar o Tijolo por Tijolo aqui, porque fazemos filmes para que sejam vistos, então é uma honra trazê-lo para cá e esperamos ter outras chances de retornar”, complementou o diretor  Quentin Delaroche.

OFICINA – Em paralelo, a Escola Municipal Milton Pessoa, na zona rural de Triunfo, recebeu o primeiro dia da oficina Outros Sertões e o Minuto, voltada para estudantes do ensino fundamental e do EJA. A atividade é ministrada por Mila Nascimento, Uilma Queiroz, Alexandehn, com monitoria de Crawd, retornando ao festival após uma bem-sucedida edição no ano passado.

A iniciativa proporcionará aos sertanejos conhecimento teórico e prático para serem protagonistas da construção de sua identidade e de seu desenvolvimento cultural por meio do audiovisual. Ao fim da oficina, eles produzirão um vídeo de 1 minuto, desde a criação do roteiro, filmagem, captação e tratamento de áudio, até a edição final, passando por todas as etapas: pré-produção, filmagem e pós-produção.

A programação segue nesta quarta-feira, já pela tarde, com a mostra especial “Questão de Gênero”, complementando o dia de exibições, que segue normalmente com as mostras da noite no Theatro Cinema Guarany.

Fotos: Simon Filmes/Secult-PE/Fundarpe