Estudo realizado pela Codevasf confirma impacto de projetos irrigados para desenvolvimento regional

Do Vale do São Francisco para diversos lugares do Brasil e do mundo. Esse tem sido o destino de frutas produzidas em projetos públicos de irrigação implantados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Estudo feito recentemente pela Área de Gestão dos Empreendimentos de Irrigação da Codevasf constata o impacto desses empreendimentos na região, traduzido em números que retratam aumento da produção e da produtividade agrícola, maior oferta de alimentos à população, ampliação da oferta de empregos diretos e indiretos e geração de renda estável, seja na zona rural ou na urbana.
Ao longo de 25 anos, de 1975 a 2000, foi verificado que a desenvolvimento econômico daqueles municípios, com agricultura irrigada, apresentou incremento 2,5 vezes superior em relação aos que não apresentaram essa atividade. Considerando somente o segmento rural como elemento comparativo, a taxa de incremento foi 5,3 vezes superior entre os referidos grupos de municípios.
Dados mais recentes, de 2008 a 2016, apontam para a evolução da área cultivada dos projetos públicos de irrigação, passando de 82.148 para 96.987 hectares. A produção também acompanhou esse crescimento ao longo dos últimos anos, saltando de 2,5 mi para 3,4 mi toneladas. Entre os destaques está a uva – 98,72% de toda a uva de mesa exportada no período de 2009 a 2015 foi proveniente do vale sanfranciscano, e o projeto público de irrigação Senador Nilo Coelho, situado nos municípios de Casa Nova (BA) e Petrolina (PE), teve participação expressiva nesse resultado.
    
O produtor Basílio Odilon destina 11 hectares de seu lote no Nilo Coelho à produção de diferentes variedades de uva. Ele afirma que colhe, em média, 37 toneladas por hectare ao ano, quantidade que é destinada a cidades brasileiras como Belém, Fortaleza, São Luís, Salvador e Recife, bem como aos Estados Unidos e a países na Europa. 
A banana é outro exemplo de cultura que se destaca. A produção da fruta no projeto Formoso, em Bom Jesus da Lapa (BA), ocupou o primeiro lugar no ranking nacional em 2015, com 171 mil toneladas, representando 2,5% da quantidade produzida no país. Os dados, divulgados na Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), elaborada pelo IBGE, foram resultantes de estudo feito na dissertação de mestrado do técnico da 2ª Superintendência Regional da Codevasf Demétrios Rocha.

Emprego e renda

    
Os projetos públicos de irrigação contribuíram, ao longo dos anos, para o desenvolvimento socioeconômico da região onde estão implantados. Exemplo disso são os polos de Petrolina (PE)/Juazeiro (BA) e do Norte de Minas Gerais, que têm favorecido o aumento das exportações e da geração de superávits comerciais por meio da oferta de produtos nobres e de alto valor comercial.
“A importância da irrigação em regiões de clima semiárido se deve, sobretudo, pela  sustentabilidade econômica proporcionada à atividade agrícola, minimizando principalmente o risco representado pela escassez de água. Além disso, contribui para criação de empregos, fixação do homem no campo, oferta de alimento nos períodos de entressafra e redução dos desequilíbrios regionais e sociais”, afirma o presidente da Codevasf, Avelino Neiva.

De acordo com o último levantamento da Codevasf, ao todo, foram gerados nos projetos 97 mil empregos diretos e 145 mil indiretos, totalizando 242 mil postos de trabalho em 2016. “Outro ponto positivo é o aumento da oferta de alimentos nos mercados locais e de outras regiões, onde a sua produção também é comercializada, e isso tende a tornar a sua aquisição mais facilitada pelas classes sociais menos favorecidas, aumentando o poder de compra das mesmas. É importante frisar, ainda, que parte considerável da produção dos projetos de irrigação é composta por frutas, consideradas como alimentos saudáveis”, completa a gerente de Apoio à Produção da Codevasf, Andrea Sousa.

O Valor Bruto de Produção (VPB), ou seja, a soma de todos os bens e serviços produzidos nos projetos, também vem evoluindo ao longo dos anos e passou de aproximadamente R$ 1,6 bilhão para R$ 3 bilhões de reais em 2016, o que representa aumento de aproximadamente 184% nos últimos nove anos.
    
“A Codevasf sente orgulho em contribuir com o desenvolvimento da bacia do São Francisco. Os projetos públicos de irrigação melhoraram e os irrigantes investiram em tecnologia. Hoje não só a quantidade produzida é importante, mas também a qualidade dos produtos, principalmente das frutas, que conquistou o mercado internacional. Com isso, ganha o produtor e o consumidor, e mostra um crescimento sustentável que proporciona aumento na geração de emprego e renda, contribuindo para a melhoria dos índices socioeconômicos da região”, avalia o diretor da Área de Irrigação da Codevasf, Napoleão Casado.
    

Infraestrutura

    
Os projetos públicos de irrigação da Companhia localizam-se nos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. A empresa também administra outros dez projetos implantados pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) na década de 1990 para compensar famílias que residiam na área onde se formou o lago da usina hidrelétrica de Luiz Gonzaga (PE) – estes são identificados conjuntamente como Sistema Itaparica.
No exercício de 2016, a Codevasf investiu R$ 129,6 milhões em ações de modernização e reabilitação da infraestrutura de uso comum dos projetos públicos de irrigação, em reabilitação e administração de projetos de interesse social e no atendimento a legislação e condicionantes ambientais. Entre as ações, estão serviços de manutenção em cerca de 4 mil km de canais e tubulações, 5 mil km de drenos, 3,6 mil km de estradas e 290 estações de bombeamento.
Paralelamente a isso, a Codevasf instalou sistemas de bombeamento sobre flutuantes (equipamentos móveis instalados no próprio leito do rio) para garantir oferta de água nos projetos públicos de irrigação. Mais de R$ 42 milhões foram investidos desde 2015 pela Companhia na instalação desses sistemas que permitem a captação de água para os projetos de irrigação mesmo com a redução da vazão do rio São Francisco.

ASCOM – CODEVASF