A identificação da substância dietilenoglicol (DEG) em dois lotes de cervejas da marca mineira Backer levou a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) à fábrica da cervejaria nesta quinta-feira (09/01/2020), para recolher algumas das garrafas para análise. Tóxica, ela pode, se ingerida, causar sintomas como os de uma doença misteriosa que matou um homem de 55 anos e deixou outras sete hospitalizadas em Belo Horizonte (MG).
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o dietilenoglicol é um solvente orgânico “altamente tóxico”, que causa “insuficiência renal e hepática podendo inclusive levar a óbito quando ingerido”.
No processo de produção de cerveja, ele é usado na fase de resfriamento da bebida. O dietilenoglicol não pode, contudo, ter contato com a cerveja, e precisa ficar na parte esterna do tanque. Em outros usos, o solvente faz parte da composição de tintas, produtos de limpeza e cosméticos.
Se comprovada a relação da bebida contaminada com a doença, essa não será a primeira vez que o DEG causa problemas. Em 2006, por exemplo, xaropes para tosse produzidos no Panamá estava contaminados e causaram diversos casos de insuficiência renal aguda, resultando na morte de cerca de 280 pessoas.
Em 2009, xaropes de paracetamol com vestígios do DEG teriam causado a morte de ao menos 24 crianças em Bangladesh. Também houve casos registrados nos Estados Unidos, em 1938, e na Índia, em 1998.
Segundo informações, os dois lotes da cerveja Belorizontina apontados no laudo da Polícia Civil como aqueles em que foram encontrados a substância dietilenoglicol possuem 66 mil garrafas. De acordo com a assessoria de imprensa da cervejaria Backer, foram produzidos 33 mil produtos em cada um dos lotes: L1 1348 e L2 1348.
O laudo é preliminar e, segundo a Polícia Civil mineira, ainda não é possível cravar a responsabilidade da cervejaria. O Procon considera o caso “grave” e orienta consumidores a verificarem os lotes de cervejas adquiridas.
Em nota, a Backer afirmou que “por precaução, os lotes em questão (…) serão retirados imediatamente de circulação, caso ainda haja algum remanescente no mercado” e que esclareceu que “substância não faz parte do processo de produção da cerveja Belorizontina, fabricada pela Cervejaria Backer”.