A privatização dos Correios, que já tem projeto de lei pronto para ser enviado ao Congresso, deve causar uma renovação nos serviços, deixando-os mais modernos e abrindo novas oportunidades de trabalho. Os tradicionais carteiros, que hoje executam funções muito além de entrega de cartas e contas, vão continuar sendo essenciais, principalmente com a expansão das vendas on-line.
Esse mercado de e-commerce, aliás, deve fazer com que a nova dona da companhia invista em profissionais que terão papel fundamental para desenvolver estratégias logísticas, análise de dados e produção de tecnologia, segundo especialistas ouvidos por A Gazeta.
Nesta quarta-feira (14), o ministro das Comunicações, Fábio Faria, entregou o projeto de lei de desestatização dos Correios à Secretaria de Assuntos Jurídicos da Presidência. A proposta, segundo ele, é melhorar a capacidade de entrega da empresa.
O modelo da privatização ainda não está fechado, mas o governo está otimista de que ainda em 2021 fará o leilão. E para facilitar essa operação, a proposta costurada pelo Ministério da Economia, responsável pelos programas de vendas de estatais, colocou no texto artigos que garantem à equipe econômica adotar o melhor formato.
Atualmente, a estatal conta com quase 100 mil funcionários, o maior contingente entre as estatais. Não se sabe se haverá demissão. Especialistas acreditam que algumas carreiras possam ser extintas para dar lugar a novas funções. Entre as que existem hoje que podem se manter, além dos carteiros, estão operador de triagem e transbordo (logística) e atendente comercial.
O diretor da Academia do Concurso, Paulo Estrella, acredita que estes três cargos não devem ser impactados com a venda da estatal, porque são esses profissionais que fazem atendimento direto ao público e são considerados estratégicos pelo serviço que prestam, o de entrega de correspondências e mercadorias.
“Não há como alterar toda estrutura organizacional de uma hora para outra. Qualquer tipo de mudança demanda um certo tempo. Acredito que não deve haver demissão em massa, pois quem comprar a estatal vai precisar de pessoas que saibam como ela funciona. Carteiro, atendente e operador fazem contato com o público, são essenciais para o funcionamento desse tipo de serviço. É claro que a diretoria vai ser toda substituída, até por se tratar de funções estratégicas, além da parte administrativa, mas o restante deve se manter”, avalia.
Por conta da tecnologia, Estrella observa que atendente e operador podem até ter o número de profissionais reduzidos, mas não será de forma imediata.