Durante três dias, estudantes e professores da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) percorreram três cidades do Polo Gesseiro do Araripe, em Pernambuco, em visitas técnicas a mineradoras, calcinadoras e fábricas de pré-moldados. A viagem de campo ocorreu de 17 a 19 de novembro, como parte das atividades de cinco Projetos de Extensão Tecnológica (PET) da Univasf, que contam com apoio da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe) para, entre outros benefícios, aproximar a Universidade e o setor produtivo, fortalecendo tanto a atividade econômica quanto a formação dos estudantes.
Participaram da visita técnica cerca de 35 bolsistas PET de diversos cursos de Engenharia e os professores Alan Christie da Silva Dantas, do Colegiado de Engenharia Mecânica (Cenmec); Edson Leite Araújo, do Colegiado de Engenharia Civil (Ccivil); e Lino Marcos da Silva, do Colegiado de Engenharia Elétrica (Cenel). As visitas também contaram com a participação da presidente do Sindicato da Indústria do Gesso do Estado de Pernambuco (Sindugesso), Ceissa Costa, e de empresários do polo, que reúne em torno de 170 indústrias calcinadoras, 30 mineradoras e mais de 400 fábricas de pré-moldados e gera mais de 13 mil empregos.
Os visitantes estiveram nas cidades de Araripina, Ipubi e Trindade, onde acompanharam todo o processo de fabricação do gesso, desde a extração do minério gipsita, passando pela calcinação e produção do gesso e seus derivados, até a etapa de embalagem, armazenamento e distribuição. Também estiveram nos laboratórios do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em Araripina. A atenção do grupo estava voltada não apenas para conhecer cada etapa dessa cadeia produtiva, mas principalmente às possibilidades de contribuição que podem ser implementadas para a melhoria dos processos.
A atividade, de acordo com o professor Lino Silva, coordenador do projeto “Explorando a Ciências de Dados no Polo Gesseiro do Araripe”, proporcionou aos participantes contato direto com a cadeia produtiva e a oportunidade de conhecer uma promissora área de atuação durante, na forma de estágios e projetos, e após a graduação, já como profissionais. “Foi uma experiência enriquecedora, porque permitiu aos estudantes conhecer de perto toda a cadeia produtiva do gesso, identificar problemas e oportunidades nas várias etapas do processo de produção, trocar informações com empresários e funcionários para, na próxima etapa do projeto, propor soluções, principalmente no sentido da inovação e modernização do setor”, relata.
Esse potencial do polo gesseiro foi identificado pela estudante de Engenharia Elétrica Gilmaiane Porto Silva, uma das bolsistas PET que participou da visita técnica. “A viagem me possibilitou observar de perto as necessidades e dificuldades enfrentadas no polo. Além disso, deixou evidente que existe uma cadeia riquíssima, que precisa ser melhor explorada, pois possui potencial de gerar mais emprego e renda na cidade de Araripina e seus arredores”, diz a discente, que está no 4º período do curso.
Para ela, participar do PET coordenado pelo professor Lino Silva já trouxe alguns ganhos, entre eles a confirmação da importância da pesquisa e da educação para mudar a realidade. “Percebi que a minha formação é muito necessária para ajudar a melhorar o processo fabril do gesso. É uma janela que se abre e espero ter oportunidade de contribuir ainda mais. Ademais, o fato de poder perceber a aplicação dos assuntos que venho estudando durante esses quatro semestres na graduação também foi muito enriquecedor”, revela.
O coordenador do projeto “Implementando técnicas de Engenharia de Manutenção nas indústrias do polo gesseiro do Araripe”, Alan Dantas, destaca que atividades deste tipo são fundamentais para estreitar as relações da Universidade com as empresas regionais. “Os alunos foram com missões específicas traçadas pelos projetos PET-Facepe dos quais participavam. Acredito que todos saíram com uma impressão interessante da realidade, vendo que o seu papel social é muito maior do que pensavam. Eles puderam constatar que a partir de ações localizadas de engenharia é possível otimizar o processo produtivo, e de forma lenta e gradual, modificar a realidade das empresas da região e, consequentemente, das cidades e região como um todo”, analisa.
A presidente do Sindugesso, Ceissa Costa, que também é presidente da Câmara Setorial do Gesso de Pernambuco e vice-presidente da Federação da Indústria de Pernambuco (Fiepe), endossa as palavras do professor Dantas. “A visita foi fundamental para que os alunos pudessem conhecer de perto a problemática das empresas do setor e assim procurar métodos de melhoria do sistema produtivo, no desenvolvimento de novos produtos e na busca por soluções que melhorem a qualidade de vida dos colaboradores, bem como da sustentabilidade dessas empresas”, afirma. Na opinião dela, os projetos PET são importantes para a formação de mão de obra técnica qualificada e podem contribuir para o desenvolvimento do polo gesseiro do Araripe nas áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação.
A complexidade da cadeia produtiva do gesso chamou a atenção do estudante de Engenharia Mecânica Eliel Júlio Soares da Silva, que identificou várias possibilidades de atuação na indústria gesseira, tanto na trajetória acadêmica quanto com possíveis empreendimentos no futuro. Segundo ele, a participação no projeto PET tem sido importante para sua formação profissional. “O curso de ciências de dados é apontado por muitos como fundamental para o engenheiro, e ter esse contato com um ramo em transição para indústria 4.0 permite que tenhamos uma visão mais clara do futuro e das necessidades do mercado”, afirma o discente, que integra o PET “Explorando a Ciências de Dados no Polo Gesseiro do Araripe”.
Também estiveram presentes à atividade estudantes dos projetos “Química Verde na gestão de resíduos de gesso na indústria gesseira do Polo de Araripe”, da professora Andrea de Vasconcelos Ferraz, do Cenel; “Capacitação de Mão de Obra do Polo Gesseiro do Araripe para Indústria 4.0”, do professor Rômulo Câmara, do Colegiado de Engenharia da Computação (Cecomp); e “Rotinas para Avaliação da Qualidade do de Construção, Produzido no Polo Gesseiro do Araripe”, do professor Getúlio Sousa, do CCivil. Todos integram o Programa de Extensão Tecnológica da Facepe. Esses cinco projetos realizados junto ao polo gesseiro fazem parte do Centro de Estudos Tecnológicos Avançado sobre Gesso (Cetag), um projeto mais amplo coordenado pelo professor Isnaldo Coêlho, do Cenel, que visa à implementação de um Lócus de Inovação para a cadeia produtiva do gesso e também conta com apoio da Facepe.