Senadores da oposição dão como certa a aprovação da admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado Federal antes do dia 12 de maio. Na próxima segunda-feira, a comissão especial da Casa para a discussão do relatório deverá ser criada e, para ele ser aprovado, é preciso a maioria simples dos 81 parlamentares da Casa. A oposição avisa que tem mais de 50 votos favoráveis.
“Entre os dias 10 e 12 o Plenário (do Senado) poderá votar o afastamento de Dilma”, afirmou o senador Cassio Cunha Lima (PSDB-PB), líder do partido no bloco da oposição da Casa. Para ele, o sucesso de uma política econômica do governo em exercício do vice-presidente, Michel Temer, será crucial para que o afastamento de Dilma seja definitivo. Nesse processo, ele reforçou que nenhum parlamentar tucano fará parte de ministério. “Acho que a presença de ministro não é a única forma de ajudar um governo. É uma distorção pensar nisso”, avaliou ele, lembrando que há 180 dias para que o processo seja concluído dentro do afastamento da presidente. Caso isso não ocorra, Dilma pode voltar, mas continuará sendo julgada.
Cunha Lima participa 15o Fórum Empresarial, no seminário “Cenários e soluções para a crise econômica”, organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), realizado nesta sexta-feira, em Foz do Iguaçu (PR).
O presidente do PMDB, o senador Romero Jucá (RR), também acredita que, antes do dia 15 de maio, haverá uma definição do processo e Dilma estará afastada. Ele classificou o discurso do governo Dilma como “ideológico e atrasado” e que, no entender dele, não dão previsibilidade aos agentes econômicos para destravar os investimentos. O parlamentar demonstrou confiança na recuperação da economia brasileira, que deverá encolher 3,8% neste ano pelo segundo ano consecutivo, pelas previsões mais “otimistas”, se houver mudança no governo. “O Brasil é muito maior que essa crise, do que qualquer partido e governo. Estamos afundando em uma bacia d’água. Se a gente levantar, deixar de morrer afogado”, afirmou.
No último dia 17, a Câmara dos Deputados aprovou por 367 votos a admissibilidade do processo de impeachment de Dilma. Dos 511 presentes à sessão, houve sete abstenções e duas ausências (por motivos médicos). Contra o impeachment, votaram 137 parlamentares.
Problema fiscal
O desequilíbrio nas contas do governo, que devem registrar deficit pelo quarto ano consecutivo até 2017 foi uma das principais críticas das autoridades presentes no Fórum Empresarial à Dilma. Senadores criticaram os constantes rombos fiscais e concordaram que é necessário uma redução no número de ministérios em um novo governo após o afastamento de Dilma do poder.
Durante o evento do Lide, o governador do estado do Paraná, Beto Richa (PSDB), também não poupou críticas ao governo federal, afirmando que “a má gestão com a corrupção deu no que deu”, deixando 10 milhões de brasileiros desempregados “para a vergonha” dos brasileiros, e, por isso, o país está “na iminência da retirada desse governo”.
“Um governo que não tem liderança não é capaz de ter governabilidade. Quem não tem credibilidade, é marcado pela incompetência”, alfinetou Richa, afirmando que colocou o patrimônio político para fazer o ajuste fiscal no estado paranaense, reduzindo mil cargos comissionados e vários gastos com custeio. “Paraná tem a melhor situação financeira e fiscal do Brasil. Posso assegurar que nossa situação é mais confortável que o resto do país”, afirmou.
Na abertura do evento, o presidente do Comitê Executivo do Lide, João Dória, defendeu o processo de impeachment de Dilma e lamentou que 2016 é o terceiro ano seguido que o Fórum Empresarial discute crise. “Queremos voltar a discutir desenvolvimento. Recentes demonstrações, dentro da Constituição e da legalidade, mostram que, com democracia, podemos voltar a desenvolver a economia”, afirmou.
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