Ela deverá ser indiciada por falsificação de documento. O crime tem pena prevista de dois a seis anos.
Após reaparecer, a estudante de direito Vaniela Oliveira Varela, de 25 anos, será indiciada por falsificação de documento. O inquérito policial que investigou o desaparecimento da universitária descobriu que a jovem usou uma carteira de identidade falsa, em nome de outra mulher, durante os quatro dias em que não manteve contato com a família. Por problemas pessoais, Vaniela teria fugido e ficou hospedada na praia de Tambaú, na Paraíba. A reviravolta no caso também atinge quem posta comentários maldosos nas redes sociais. A polícia adiantou que casos de calúnia e difamação serão investigados e autores responderão criminalmente.
Segundo a delegada Gleide Ângelo, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pelo caso, a jovem, no entanto, não será presa. “Com a falsificação de documento, ela infringiu a lei e vai ser indiciada. Vamos encaminhar o caso para a Justiça. Não houve flagrante e ela não preenche nenhum requisito para ser presa: estuda, é esforçada, sempre batalhou na vida. Tudo isso vai ser alegado no inquérito e ela vai responder em liberdade”, explicou a delegada. O crime tem pena prevista de dois a seis anos.
Na quarta-feira passada, Vaniela teria sacado R$ 400 pensando na fuga. Para a polícia, ela disse que teve problemas pessoas e por isso resolveu sair para um lugar em que ninguém pudesse encontrá-la. Ela saiu do Fórum de Jaboatão dos Guararapes, no bairro de Prazeres, pegou um ônibus para o Barro, entrou no metrô e depois foi para o Terminal Integrado de Passageiros (TIP). Lá, já com a carteira de identidade falsa, ela comprou passagens para João Pessoa, cidade em que já tinha ido outras três vezes. Na cidade, ela pegou um ônibus para a Praia de Tambaú. Lá, procurou uma hospedagem barata e ficou em uma pousada que cobrava R$ 50 na diária.
De acordo com a delegada, Vaniela dizia que não queria ser encontrada e que estaria passando por uma situação de pressão. A universitária contou que, no ano passado, encontrou um documento de identidade no centro do Recife. Segundo ela, a intenção inicial seria entregá-lo na agência dos Correios, mas ela teria se esquecido. Na quarta-feira, Vaniela teria encontrado a identidade dentro do caderno e colou sua foto, resolvendo utilizá-la para comprar a passagem e se hospedar.
“Ela disse que estava passando por problemas pessoais, familiares, psicológicos e que tinha acordado com uma vontade de desaparecer. A intenção dela era nunca mais voltar. Não queria ser encontrada. Mas voltou no sábado porque estava com muitas saudades da avó, que a criou”, detalhou Gleide Ângelo. “Quando saiu do fórum, ela atravessou a BR e veio a ideia. Ela disse que escolheu João Pessoa porque foi o único lugar que foi na vida por três vezes. Escolheu a pousada e passava o dia inteiro no quarto, saindo apenas à noite para andar na areia. Com saudade da avó e peso na consciência, resolveu fazer exatamente o caminho de volta até chegar a BR, onde ficou chorando e uma pessoa a viu”, detalhou a delegada. A jovem foi encontrada por moradores da Comunidade da Nestlé.
Comentários nas redes sociais serão investigados
A delegada Gleide Ângelo adiantou que já existem pessoas analisando os comentários sobre o caso nas redes sociais. Familiares e amigos estão tirando prints e a Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos já foi acionada. “É bom todo mundo ter cuidado com o que diz. Se postarem qualquer mensagem caluniando ou difamando, vão ter que responder criminalmente. Ninguém tem o direito de infringir a lei”, esclareceu a delegada. O trabalho começou a ser realizado nessa terça.
O crime de calúnia se configura quando alguém imputa a outrem falsamente um crime. A difamação é imputar algo ofensivo à reputação.
Com informação do repórter Wagner Oliveira