Dados fornecidos pelo ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome mostram que 1,69 milhões de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família deixaram espontaneamente o programa, declarando que sua renda já ultrapassava o limite de R$ 140 por pessoa. Estas famílias representam 12% de um total de 13,8 milhões de famílias atendidas. Os dados abrangem todo o período de existência do Bolsa Família, entre outubro de 2003 e fevereiro de 2013. Os dados do ministério contrariam a alegação dos críticos do Bolsa Família de que o programa de transferência de renda estimularia os beneficiados a não procurar emprego e melhores condições de vida.
Em Uruás, Distrito de Petrolina, a história de D. Lucília Nascimento também entrou para as estatísticas do MDS. Ela, que mora em Uruás, é mãe de 4 filhos, avó de 4 netos, e recebeu o Bolsa Família por mais de 5 anos. Até aí, um relato comum entre as muitas famílias de nossa cidade. O diferencial nessa história é que Dona Lucília voluntariamente procurou o CRAS de Uruás para devolver o cartão do benefício. “Eu não preciso mais dele”, afirmou ela.
Durante uma visita da equipe do Centro de Referencia e Assistencial Social- CRAS – Uruás em sua residência, o Coordenador Bomfim Oliveira, a psicóloga Naiady Miranda e a assistente social Karla Nadja, foram surpreendidos pela agricultora quando ela contou sua história e que a atitude que ela estava tomando foi motivada pela consciência cidadã que desenvolveu a partir das palestras que assistiu no CRAS. “Aprendi os meus direitos, direitos que a gente tem, mas muitas vezes nem sabe. E aprendi os meus deveres também, e que devolver o cartão do benefício era o momento certo. Algumas pessoas da comunidade me disseram pra não devolver, mas minha consciência insistia pela devolução”
Dona Lucilia também contou que a renda que possui veio do trabalho que ela hoje pode realizar graças aos cursos ofertados pelo CRAS em seu distrito. “Quando me falaram dos cursos aqui no CRAS, fiz questão de participar. Aprendi a lidar com horticultura e floricultura, e como já tinha aposentadoria a renda se completou com o trabalho que aprendi a fazer, isso já é um ponto pra mim. O bolsa família me serviu muito durante esse tempo, foi uma grande ajuda. Estou devolvendo porque hoje já tenho com o que me manter.”
Hoje Dona Lucília faz parte de uma das duas famílias que mantém a horta comunitária em Uruás, que fica dentro do posto de saúde, e agradeceu o trabalho do CRAS em sua comunidade. “O CRAS aqui está de parabéns pelo incentivo a comunidade. Queremos que o trabalho continue, nos orientando, ajudando e trazendo mais cursos, oferecendo variedade de oportunidades para o povo” disse a Agricultora.
Segundo Bomfim, Coordenador do CRAS, é aquela velha história de não dar o peixe, mas ensinar a pescar. “O Bolsa-família, doações de cesta básica, são todos benefícios temporários. As palestras fazem parte da estratégia socioassistencial para que eles possam desenvolver o desejo de sair da dependência dos benefícios e gerar sua própria renda. Antes de levar os cursos, buscamos oferecer palestras para que eles tenham consciência do que eles podem reivindicar, mas também do que eles tem como dever desenvolver, que é justamente essa consciência cidadã que vimos na história de dona Lucília. E temos visto nosso trabalho dar resultados” disse o Coordenador.
Texto: Cauby Fernandes/ Ana Isabel (estagiária)/ ASCOM Cidadania