Pastor Cleiton (PP) quer acabar com open bar e impor regras em baladas eletrônicas

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O curioso é que o parlamentar, antes de se tornar evangélico, trabalhou como radialista e DJ em festas no estado, era conhecido como ‘DJ Banana’

Deputado estadual e membro da bancada evangélica na Assembleia Legislativa, o pastor Cleiton Collins (PP) quer regulamentar a realização de festas com música eletrônica no estado, mais conhecidas como raves. O Projeto de Lei nº 40/2015 impõe diversas regras, entre as mais polêmicas estão a comprovação da existência de equipamentos para teste de uso de drogas e que, estes eventos, durem, no máximo, 10 horas. O curioso é que o parlamentar, antes de se tornar evangélico, trabalhou como radialista e DJ em festas no estado. Na época, o hoje pastor era conhecido como “DJ Banana”.

Nesta quarta-feira (4), o parlamentar foi ao plenário defender o projeto e apresentou outra medida polêmica: o fim das festas open bar no estado – que, geralmente, deixam o consumo de bebidas alcoólicas livre mediante o pagamento da entrada. “Eu vou apresentar uma emenda ao projeto. Por mim, acabaria o open bar. Uma coisa não tem nada a ver com a outra (o pagamento da entrada e ter as bebidas livres). O open bar incentiva o consumo de álcool de forma excessiva”, disse ao Diario, por telefone.

Clique aqui e confira o projeto na íntegra.

A proibição do open bar, no entanto, não se restringiria apenas às raves, e sim, a qualquer tipo de festa. O deputado ressaltou que deve se encontrar com representantes que produzem esse tipo de festa no estado ainda nesta quinta-feira (5). “É uma questão em discussão. Muitos me procuraram antes. Alguns até acharam alguns pontos positivos porque dá segurança a eles na realização dos eventos. Eu não quero parecer que estou impondo as coisas. É preciso discutir o assunto”, comentou.

Sobre as restrições do álcool, Cleiton Collins argumentou os casos recentes de jovens que morreram após participarem de festas cujo bar era livre para consumo. “O álcool é o maior causador de mortes atualmente. A minha ideia no projeto é proteger os jovens desse risco. As propagandas sobre bebidas apenas incentivam o consumo”, completou. No projeto de lei, outro artigo curioso: nas raves deverão ser distribuídos materiais educativos sobre os riscos do consumo excessivo de álcool.

Medidas de segurança – Apesar de parecer pouco viável para os dias atuais, o Projeto de Lei do pastor também tem pontos que abordam questões como segurança e saúde. A proposta pede para que, a cada 1 mil pessoas numa festa, sejam disponibilizados um médico socorrista, um enfermeiro e um técnico de enfermagem. Também estão no projeto a obrigação de um segurança para cada vinte pessoas e o critério de um metro quadrado por pessoa, no mínimo, dentro das casas de show ou nos locais das festas.

A proposta foi analisada pela Comissão de Desenvolvimento Econômico e Turismo da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado estadual Aluísio Lessa (PSB) também nesta quarta e segue em discussão. O mercado de entretenimento do estado deve observar os passos da tramitação na Casa. Até porque, caso aprovado, quem não cumprir as regras estará sujeito a multas que variam de R$ 20 mil a R$ 50 mil.

O empresário Eduardo Trajano, produtor de uma das principais festas eletrônicas realizadas no estado, a Liquid Sky, esteve com o pastor Cleiton Collins na terça-feira para debater os pontos colocados no projejto de lei. Trajano disse que a regulamentação é interessante porque protege os realizadores, mas questionou diversos pontos trazidos pelo texto, que, segundo ele inviabilizariam o negócio. “Há certos pontos que são incoerentes. Por que, por exemplo querem exigir o Imposto de Renda dos realizadores. O projeto quer questionar quem faz o show ou as condições de segurança para o público. Outro ponto: Por que os produtores devem justificar de onde vem a verba? Já estão sugerindo de antemão que a origem do dinheiro é ilegal?”, ponderou.

O produtor acrescentou que existe um preconceito com as raves e que muitos desconhecem a real essência da festa. “Existe uma perseguição a esse tipo de evento. Muita gente acha que é uma festa para um monte de drogados que ficam pulando por 12 horas. Na verdade a essência desse tipo de festa é a celebração da música e a defesa dos ideais de paz, união, amor e respeito. Por isso vamos defender nossos pontos. Estou preparando todo um histórico sobre as festas eletrônicas para embasar bem a defesa e apresentar uma minuta com o que nós, produtores, achamos que precisa ser modificado no projeto.”, acrescentou.