O brasileiro Kayke Luan Ribeiro Guimarães, de 18 anos, preso na Bulgária acusado de envolvimento com terrorismo, foi extraditado hoje à Espanha e já prestou o primeiro depoimento à justiça espanhola. Por lá foi decretada sua prisão incondicional, sem direito a fiança, onde será julgado por delito de integração em organização terrorista, com pena de até 12 anos de cadeia. Ele será julgado por esse tribunal, que lida apenas com as acusações mais graves do país, como terrorismo, narcotráfico e crime organizado.
O jovem foi preso em 15 de dezembro de 2014 na fronteira da Bulgária com a Turquia quando, ao lado de dois marroquinos, estaria a caminho da Síria para se alistar no grupo radical autodenominado “Estado Islâmico”.
Goiano nascido em Formosa, a 75 km de Brasília, ele vive há cerca de dez anos em Terrassa, subúrbio de Barcelona. Segundo os Mossos d’Esquadra, a polícia catalã, o jovem vinha sendo investigado desde junho por frequentar reuniões de grupos radicais islâmicos nos arredores da capital.
Kayke teria negado ser um extremista e reafirmou que estava apenas indo à Turquia de férias. Mas, para a família, o jovem tinha dito que ia de férias para a ilha mediterrânea de Maiorca. Às autoridades brasileiras ele disse tinha se convertido ao Islã, mas “apenas para se casar”. Entretanto seu estado civil na Espanha consta como “solteiro”.
Ele ficou preso durante mais de um mês no Centro de Segurança de Haskovo, a quatro horas de Sófia, capital da Bulgária, um presídio exclusivo para criminosos de alta periculosidade e envolvidos em casos relacionados à máfia e terrorismo. Durante o período, não pôde receber telefonemas — nem mesmo das autoridades brasileiras — e só podia realizar uma ligação a cada sete dias.
O governo brasileiro informou que não vai intervir nas investigações e apenas está prestando assistência consular.
No ano passado, o caso do belga Brian De Mulder teve destaque no Brasil. Filho de uma brasileira, ele está na Síria desde janeiro de 2013 lutando com o grupo “Estado Islâmico”. BBC