Trajetória de brasileiro que nasceu com artrogripose é destacada em documentário; problema faz ossos fundirem.
A fantástica história de um brasileiro que vem vencendo a adversidade continua se espalhando pelo mundo. O baiano Cláudio de Oliveira, de 38 anos, é a estrela de um documentário de rádio do Serviço Mundial da BBC gravado na cidade de Monte Santo, no sertão da Bahia, no intervalo entre duas viagens aos Estados Unidos em que o jovem deu palestras motivacionais.
Cláudio nasceu com artrogripose, um problema raro que faz com que seus ossos se fundam e ganhem um formato curvo e contraído.
O documentário, produzido e apresentado pelo jornalista Gibby Zobel, lembra a trajetória de Cláudio e conta como, ao nascer, a família recebeu a orientação de não alimentá-lo. Ele só foi salvo por intervenção de seu pai.
“O parto foi muito difícil. Não havia hospital aqui na época. O médico achou que ele fosse morrer em poucas horas, porque sua respiração era muito fraca”, conta Maria José, mãe de Cláudio e de outros cinco filhos.
“Eu não o havia visto de imediato. Horas depois, o médico me contou sobre sua deformação. Não vou negar que chorei. Chorei muito. Chorei por três dias”, lembrou.
O pai de Cláudio, no entanto, aceitou o filho imediatamente, conta Maria José. “O pai dele disse: Não. Ele é meu filho. Ele tem que ser alimentado! Eles fizeram uma mamadeira e alimentaram. Ele foi melhorando, melhorando, começou a se alimentar normalmente e hoje está aí!”, disse a mãe.
Adaptação do corpo
O documentário mostra como Cláudio, que tem o pescoço virado para trás, vive da maneira mais independente possível. Para usar o computador, por exemplo, ele usa o queixo e a língua para operar o mouse.
“Muita gente imagina que, por causa da minha deformação, eu enxergue as coisas de cabeça para baixo, mas eu enxergo normalmente”, contou, explicando que seu cérebro tem um mecanismo que adapta a visão.
A mãe de Cláudio lembrou o orgulho que sentiu quando seu filho se formou em contabilidade.
“Quando o chamaram para receber o diploma, foi muito emocionante. Não esperava que ele fosse alcançar tanto. Achei que fosse tomar conta dele pelo resto de minha vida, mas acho que é o contrário. Eu dependo mais dele do que ele de mim.”
O pai de Cláudio não viveu para ver aonde o filho chegou. Ele faleceu quando a mãe estava grávida de sete meses da filha caçula, Taís, que veio depois de Cláudio.
Na época em que o documentário foi gravado, Cláudio se preparava para mais uma viagem aos Estados Unidos.
“Isso começou em 2000, quando saí da minha cidade no sertão para ir a outra cidade. Minha primeira palestra foi em uma igreja. Estava muito nervoso. Havia mais de 200 pessoas lá e nunca tinha falado em público. Mas Deus foi maravilhoso e tudo correu bem.”
Das palestras que fez recentemente em terras norte-americanas, o baiano diz que gostou especialmente de uma que fez em um centro para recuperação de dependentes químicos.
“Tenho certeza de que consegui transformar vidas”, disse, de malas prontas para uma próxima viagem.