Doença pode causar inflamação no coração e até mesmo diminuição da visão; evitar contágio é o mais importante.
Com as grávidas, a preocupação é antiga e bem sabida, já que a toxoplasmose durante a gestação está ligada a um alto grau de aumento de deformidades em bebês. Mas as gestantes não são as únicas a terem consequências: qualquer pessoa que esteja com as defesas do corpo comprometidas pode sofrer consequências da doença.
A perda de visão, inflamação no coração e problemas neurológicos são sinais dessa doença transmitida pelo toxoplasma gondii, um protozoário que costuma se hospedar em gatos (e demais felinos) que, ao defecarem, liberam o microrganismo no solo, podendo contaminar pessoas que têm contato com as fezes e, acidentalmente, levam a mão à boca.
Além disso, o protozoário pode estar em alimentos contaminados, principalmente a carne mal passada ou crua, carne de porco ou vegetais contaminados com os cistos do toxoplasma gondii.
O primeiro sinal da infecção pelo toxoplasma gondii é o clássico a qualquer outra infecção: febre e, às vezes, ínguas. Em situações mais sérias – felizmente raras – pode acontecer lesões nas retinas. Se não diagnosticada e tratada no tempo certo, pode levar à cegueira.
O oftalmologista do Hospital CEMA, Omar Assae, explica que a frequência de casos de complicações visuais no hospital não é grande. “Temos de 2 a 3 casos por mês, em média”, diz ele. No entanto, ele explica que, mesmo se a toxoplasmose não provocar nenhum sintoma na pessoa, se ela tiver a sensação de embaçamento visual, baixa visão súbita e intensa, deve procurar um médico imediatamente para diagnóstico e tratamento.
Além disso, o paciente pode começar a ver as “moscas volantes”, que são pontinhos pretos na visão, que “voam” para cima e para baixo. Não costuma doer, só acontece baixa de visão.
O tratamento deve começar imediatamente, com anti-inflamatórios e antibióticos. “Somente um exame de sangue vai confirmar se é toxoplasmose, mas a lesão na retina é muito característica, então com o exame de fundo de olho já se consegue chegar ao diagnóstico”, comenta Assae. O tempo do tratamento varia para cada pessoa, mas dura, em média, 40 dias.
Já o que pode acontecer no coração é a miocardite, uma inflamação no músculo cardíaco. “Todas as viroses e infecções podem agredir diretamente o coração”, explica o cardiologista Fernando Alves, do Hospital Beneficência Portuguesa.
Alves explica que, quando isso acontece, o coração se torna inflamado e doente, podendo sofrer arritmias fatais. “Uma pessoa que contrai miocardite tem grandes chances de ter complicações, que é a arritmia e dilatação do coração”. Ele lembra que, quando há algum quadro infeccioso ou gripal, é perigoso praticar exercícios físicos, pois os exercícios podem aumentar a chance de complicações. O ideal é fazer repouso.
O paciente com miocardite normalmente procura o médico queixando-se de palpitações no coração e falta de ar. “O protozoário vai diretamente para o coração e o infecta. Infectando, acontece como qualquer outro órgão, mas como é um órgão vital, podem acontecer os problemas”, diz o médico. Depois disso, o tratamento é feito com medicamentos específicos.
Já no cérebro, o toxoplasma gondii é responsável por febres, convulsões, desorientação, rebaixamento do nível de consciência e até coma, explica Luiggi Miguez, infectologista do Hospital Balbino, no Rio de Janeiro. “Geralmente vêm associados a outros sinais e sintomas”, diz ele.
Nas grávidas o cuidado deve ser maior. Para as grávidas que nunca tiveram contato com o protozoário, o cuidado deve ser intenso. Já para as grávidas que já tiveram toxoplasmose um dia, a chance de contrair novamente é muito rara.
“É feito um exame sorológico, como parte do pré-natal, para identificar quem já teve contato ou não com o toxoplasma gondii”, explica Miguez. “Quem nunca teve contato é orientada a evitar situações de risco, como não comer carnes cruas, alimentos crus, ter contato com gatos”, explica.
(Fonte): iG saúde – (Texto): Elioenai Paes