A criminalização da homofobia voltou à pauta do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (13/06/2019), após seis sessões inconclusas, e o julgamento foi encerrado com 8 votos a 3 para enquadrar ataques e ofensas à comunidade LGBT na chamada Lei do Racismo. Na última análise, o plenário já havia formado maioria para isso, mas a análise fora suspensa. Agora, o grupo social passará a receber proteção contra crimes de preconceito até o Congresso Nacional formular uma lei específica.
Ao abrir os votos no julgamento desta quinta, a ministra Cármen Lúcia seguiu o entendimento do relator em favor da criminalização da homofobia. “Após tantas mortes, tanto ódio, a despeito de tantos documentos assinados afirmando a escolha brasileira pela democracia, de todas as formas de liberdade, do direito de cada um ser o que é sem ser violentado, não há como desconhecer a inércia da Constituição em relação ao tema”, argumentou.
Logo depois, foi a vez de Ricardo Lewandowski. O ministro foi o primeiro a divergir. Ele não entende que os atos de preconceito cometidos contra a comunidade LGBTI devam se enquadrar na Lei de Racismo. Contudo, votou para reconhecer a demora legislativa e deixar o Congresso decidir as medidas necessárias no caso da criminalização. A seguir, Gilmar Mendes votou com a maioria, pela criminalização. Em seguida, o ministro Marco Aurélio Mello votou por não enquadrar a homofobia como crime de racismo, seguindo o entendimento de Lewandowski. O presidente da Corte, Dias Toffoli, fez a mesma análise e encerrou a sessão formando o placar de 8 a 3.
Nas primeiras cinco sessões, seis dos 11 ministros proferiram seus votos – todos a favor da criminalização. No dia 23 de maio, na última análise do caso, o julgamento foi adiado pelo presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, para o dia 5 deste mês. No entanto, devido à necessidade de votar o aval do Legislativo para a concessão de privatizações, o tema foi novamente prorrogado e ficou para esta quinta (13/06/2019).
Votaram para enquadrar homofobia e transfobia na Lei de Racismo os ministros Celso de Mello, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes. As ações pediam a criminalização de todas as formas de ofensas, individuais e coletivas, homicídios, agressões e discriminações motivadas pela orientação sexual e/ou identidade de gênero.
A formação da maioria
Em fevereiro, na primeira sessão sobre o tema, os relatores das ações, os ministros Celso de Mello e Edson Fachin, entenderam que o Congresso Nacional foi omisso e que houve uma demora inconstitucional dos parlamentares para aprovar uma lei de proteção a homossexuais e transexuais. Alexandre de Moraes e Barroso seguiram o mesmo entendimento.
A ministra Rosa Weber também votou para criminalizar atos violentos contra homossexuais. Para ela, há temas nos quais “a palavra se impõe, e não o silêncio. E este é um deles”. Já o ministro Luiz Fux afirmou em seu discurso que o voto positivo significa que a Justiça está cumprindo com o seu compromisso de “proteger as minorias”.
“As ações afirmativas não só geraram a criminalização do preconceito como também representaram um fato gerador de abertura do mercado de trabalho, de vagas em universidades, da vida em sociedade para os afrodescendentes, e assim também deve ser em relação aos integrantes da comunidade LGBTI”, discursou o ministro Fux.
Com informações: Metropoles