Notificações de zika vírus aumentam no país em relação a 2022

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O número de casos de zika vírus no país subiu 20% de janeiro até o dia 8 de julho de 2023. As notificações passaram de 5.910 para 7.093, na comparação com mesmo período de 2022. A Região Sudeste teve o maior aumento de casos, com percentual de 11,7%.

O Ministério da Saúde informou “que os dados são preliminares e sujeitos a alterações e que a vigilância das arboviroses – o que inclui as infecções causadas pelo vírus zika – é de notificação compulsória, ou seja, todo caso suspeito e/ou confirmado deve ser obrigatoriamente notificado aos serviços de saúde”.

No mês de abril, em meio ao aumento de casos de dengue, zika e chikungunya no Brasil, as arboviroses, o governo federal lançou uma campanha nacional de combate às doenças, transmitidas por um mesmo vetor, a picada do mosquito Aedes aegypti.

Na ocasião, o Ministério da Saúde acionou o Centro de Operações de Emergências de Arboviroses (COE) e foram realizadas ações de apoio nos 11 estados com maior número de casos e mortes por dengue e chikungunya. Outra ação foi investimento de R$ 84,3 milhões em compra de inseticida, larvicida, distribuição de kits de diagnóstico e capacitação de profissionais de saúde.

Em junho, o COE foi desativado após ter sido constatada queda no risco de transmissão das arboviroses em todos os estados. O número de casos notificados de zika vírus caiu 87% entre abril e julho. “Essa queda se deve às ações empenhadas no controle do vetor, às ações promovidas pelo Centro de Operações de Emergência em Saúde, além de mudanças climáticas que implicam na circulação viral da dengue e chikungunya. Diante disso, considerando o cenário atual, a partir da Semana Epidemiológica (SE) 19, o COE Arboviroses foi desativado. Ainda assim, o Ministério da Saúde vai continuar monitorando o comportamento das arboviroses no Brasil ao longo de todo o ano”, informou a pasta na ocasião.

Sintomas

Os sintomas mais comuns da zika são: dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos.

Prevenção

A principal forma de evitar a doença é eliminar os criadouros do mosquito, ou seja, evitar acúmulo de água parada em vasilhas, vasos de plantas e pneus velhos; instalar telas em janelas e portas; usar roupas compridas (calças e blusas) ou aplicar repelente nas áreas do corpo expostas e dar preferência a locais com telas de proteção e mosquiteiros.

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Edição: Agência Brasil

Regulação de leitos na Rede PEBA é de responsabilidade dos governos dos estados, entenda como a prefeitura atua

A regulação de leitos é gerida, exclusivamente, pela Central de Regulação Interestadual de Leitos Bahia-Pernambuco (CRIL). Quando um paciente internado precisa de transferência para outro serviço, o município, através da unidade de saúde, solicita a regulação no sistema da CRIL.A central faz a busca de uma vaga disponível na unidade que atende o perfil assistencial necessário e solicita o transporte do paciente à secretaria de saúde do estado. Todo o processo de regulação é realizado pela CRIL. Ao município cabe prestar a assistência devida ao paciente enquanto aguarda a transferência.“A insuficiência de leitos é, sem dúvida, um dos grandes gargalos da Rede PEBA. Apesar da gestão municipal não ter gerência direta sobre o sistema da CRIL, sempre que um paciente necessita de transferência fazemos todo o possível para que o processo seja concluído o mais rápido possível”, garantiu o secretário de Saúde de Juazeiro, Allan Jones.O secretário citou o recente caso de uma paciente neurológica que aguardava um leito em uma unidade de referência. “Rita de Cassia dos Santos foi acolhida pela nossa UPA e precisava de um acompanhamento especializado. Durante os seis dias em que ela permaneceu conosco, oferecemos toda a assistência necessária para mantê-la estabilizada, enquanto aguardava a transferência. Além disso, mantivemos contato frequente com a CRIL e gestores de saúde do estado da Bahia e Pernambuco. A liberação da regulação aconteceu na tarde desta quinta-feira (17)”, detalhou o secretário.A Rede Interestadual de Atenção à Saúde do Vale do Médio São Francisco (Rede PEBA) surgiu, em 2011, com a promessa de reordenar os serviços e facilitar o acesso à assistência em saúde de média e alta complexidade.  Juazeiro é um dos 53 municípios, distribuídos pelos estados da Bahia e Pernambuco, que formam a Rede PEBA.

Texto: Marcela Cavalcanti – Ascom Sesau – PMJ

Preventivos, vacinação e consultas médicas serão ofertadas nesse domingo em Petrolina  

A Prefeitura de Petrolina, através da Secretaria de Saúde, vai ofertar nesse domingo (20) a Segunda Edição do ‘Previne em Ação’, estratégia que tem como objetivo ampliar e melhorar o acesso dos grupos prioritários, como gestantes, hipertensos, diabéticos e crianças, aos serviços oferecidos pelo SUS. Para realizar o atendimento, serão abertas 22 Unidades Básicas de Saúde nas zonas urbana e rural.  

As equipes estarão atendendo das 8h às 12h e será ofertado um mutirão de atendimentos, como vacinação para todas as idades; exames preventivos para câncer de colo de útero em mulheres de 25 a 64 anos; pré-natal para gestantes com consultas em atraso; pré-natal odontológico; atendimento de ‘Hiperdia’ para pacientes hipertensos e diabéticos; solicitação de exames; avaliação de resultados de exames e renovação de receitas. 

Para participar, basta comparecer em alguma das 22 Unidades portando documento de identificação com foto e o cartão do SUS, em caso de imunização também será necessário levar o cartão de vacinação.  

Unidades Básicas de Saúde que estarão funcionando no domingo (20)  

ZONA URBANA 

– UBS Santa Luzia;  

– UBS São Jorge;  

– UBS Nova Petrolina; 

– UBS Alto Do Cocar;  

– UBS Atrás Da Banca;  

– UBS Jardim Maravilha;  

– UBS Jardim Petrópolis  

– UBS Amaro Ivaldo, no Rio Corrente;  

– UBS Lia Bezerra, no José E Maria;  

– UBS Miguel De Lima, no Loteamento Recife;  

– UBS Beatriz Rocha, no Cohab VI.  

 

ZONA RURAL 

– UBS Adão Nunes, no C3 

– UBS Caititu  

– UBS Uruás  

– UBS Rajada 

– UBS N6 

– UBS N7 

– UBS C1 

– UBS Hildo Diniz, no N8 

– UBS Nova Descoberta 

– UBS N4-1 

– UBS Gildevania, no N5 

– UBS Simão Pedro, no N3 

Unidade Móvel Odontológica: Prefeitura de Juazeiro divulga cronograma para esta semana

A Prefeitura de Juazeiro, através da Secretaria de Saúde (Sesau), informa o cronograma da Unidade Móvel de Atendimento Odontológico (UMO) para o período de 14 a 19 de agosto. Serão realizados 15 atendimentos por dia, exceto no sábado (19) quando serão realizados 30 atendimentos. Para serem atendidos, os pacientes devem apresentar: RG, CPF ou Cartão SUS.

Os atendimentos iniciam às 8h. Confira programação:

14/08 – Segunda-feira- UBS Itaberaba, serão atendidos 15 pacientes por demanda livre.

15/08 – Terça-feira – No povoado Jazida 7 em frente ao Clube Jazida 7. Atendimento de 15 pacientes por demanda livre.

16/08 – Quarta-feira – Instituição ADRA, Rua Imaculada Conceição, 252 – bairro Piranga. Pacientes agendados pela instituição.

17/08 – Quinta-feira – Residencial Dr. Humberto. Travessa projetada, Residencial 1, na frente da quadra de esportes. Atendimento de 15 pacientes por demanda livre.

19/08 – Sábado – Praça Imaculada Conceição, no Dia Nacional de Luta das Pessoas em Situação de Rua – Consultório na Rua. Atendimento de 30 pacientes por demanda livre.

 Texto: Iana Lima – Ascom Sesau/PMJ

Saúde Cardiovascular: especialista alerta sobre riscos de doenças causadas pelo colesterol elevado e destaca importância da prevenção

Médico da Faculdade Estácio IDOMED de Juazeiro enfatiza necessidade de conscientização sobre perigos de doenças como aterosclerose, doença arterial coronariana e AVC

Neste mês de agosto, a importância da saúde cardíaca ganha destaque, trazendo à tona datas significativas para conscientização. No cenário médico, um dos principais especialistas em saúde cardiovascular da Faculdade Estácio IDOMED em Juazeiro, chama a atenção para a urgência de compreender os riscos associados ao colesterol elevado e seu impacto negativo na saúde.

O colesterol elevado figura entre os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, incluindo aterosclerose, doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral (AVC). O Dr. Diego Tomás destaca que “essas enfermidades podem ter impactos devastadores na saúde e qualidade de vida das pessoas. A prevenção emerge como nossa maior arma contra essas ameaças”.

Tipos de Colesterol

“O colesterol é uma substância gordurosa que circula em nosso sangue e é essencial para a produção de hormônios, vitamina D e para a formação de células. No entanto, quando os níveis de colesterol ruim no sangue se elevam a valores acima do recomendado, pode se tornar uma ameaça séria à saúde do coração”, pontua o especialista.

“Existem dois tipos principais de colesterol que são medidos nos exames de sangue. O colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade) e o colesterol HDL (lipoproteína de alta densidade). O LDL é conhecido como ‘colesterol ruim’, pois quando em excesso, pode se depositar nas paredes das artérias, formando placas de gordura. Já o HDL é conhecido como ‘colesterol bom’, pois ajuda a remover o colesterol LDL das artérias e levá-lo de volta ao fígado, onde é metabolizado, explica Tomás.

Alerta

“A conexão perigosa ocorre quando os níveis de colesterol LDL estão elevados e os níveis de colesterol HDL estão baixos. Isso aumenta significativamente o risco de desenvolver problemas cardíacos graves, como doença coronariana, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC)”, alerta o médico.

“Adotar um estilo de vida saudável, que engloba alimentação equilibrada, atividade física regular e evitar tabagismo, é essencial para controlar o colesterol e prevenir essas condições”, finaliza o especialista.

Preceptoria

A Faculdade Estácio IDOMED de Juazeiro apresenta uma iniciativa em forma de preceptoria realizada no Hospital São Lucas. Esta ação permite aos alunos do 4º período adentrar o campo da medicina prática. Sob a supervisão do médico, Diego Tomás, os estudantes acompanham de perto atendimentos e procedimentos realizados em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) na unidade, enriquecendo sua compreensão da medicina na prática e solidificando seu compromisso com a saúde pública.

Repasse do pagamento do piso da enfermagem será feito até 21 de agosto

Foto: Tania Rêgo/Agência Brasil

O Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira (9) que o primeiro repasse complementar aos estados e municípios para o pagamento do piso nacional da enfermagem será feito até o dia 21 deste mês.

De acordo com a pasta, o calendário de repasses foi acertado com estados, municípios e o Distrito Federal.

Os profissionais (federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal) irão receber nove parcelas em 2023, com valores retroativos a maio e o 13º salário. Para o pagamento do piso, o governo federal destinará R$ 7,3 bilhões.

No início de agosto, foram pagos aos servidores federais da categoria de enfermagem os valores complementares dos meses de maio e junho e a parcela de julho. A pasta informou que as demais parcelas serão pagas até dezembro, bem como o 13º salário.

“De acordo com as orientações da Advocacia-Geral da União (AGU), o cálculo do piso será aplicado considerando o vencimento básico e as gratificações de caráter geral, fixas e permanentes, não incluídas as de cunho pessoal”, informou em nota o Ministério da Saúde

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Fonte: Agência Brasil

Samu Juazeiro tem atendimento prejudicado por retenção de macas nas unidades hospitalares

A Prefeitura de Juazeiro, por meio da Secretaria de Saúde (Sesau), alerta para as dificuldades que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) está enfrentando, nesta quarta-feira (4), para prestar atendimento em decorrência da retenção de macas em hospitais de referência da região.

O Samu dispõe de 15 macas, contudo 14 estão servindo de leitos improvisados nos hospitais. Os profissionais do Samu precisam deixar as macas, pois, devido a superlotação, as unidades não dispõem de leitos para acolher os pacientes. Neste momento, a maior parte das macas estão no hospital do governo do estado da Bahia.

“A retenção das nossas macas vem dificultando os atendimentos das ocorrências. Estamos a cada hora enviando equipes aos hospitais para tentar resgatar as macas do Samu”, afirmou o coordenador médico do Samu de Juazeiro, Franclen Rusvell .

A situação está sendo comunicada ao Conselho Regional de Medicina (Cremeb), à Central de Regulação Interestadual de Leitos (CRIL) e ao Ministério Público.

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Texto: Iana Lima – Ascom Sesau/PMJ

Em carta, pesquisadores defendem vigilância mundial contra arboviroses

Soltura de mosquitos Aedes Aegypti portadores da bactéria Wolbachia na comunidade Tubiacanga, Ilha do Governador, desenvolvidos em laboratório da Fiocruz pelo programa Eliminar a Dengue (Elza Fiuza/Agência Brasil)

Preocupados com a possibilidade de aumento de casos de arboviroses como dengue, zika e chikungunya no próximo verão, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e de instituições de outros 53 países assinaram uma carta em que defendem a necessidade de implantar uma vigilância genômica mundial para esses vírus endêmicos de alto impacto.

A proposta do grupo é que sejam utilizados o modelo e a infraestrutura de monitoramento implementados para o coronavírus, causador da pandemia de covid-19.

Segundo o pesquisador Felipe Naveca, da Fiocruz Amazônia, e um dos autores do estudo, o Brasil é um dos países com o maior número de casos de dengue, seguido por nações asiáticas. Por isso, os vírus da dengue, Zika e chikungunya deveriam ser os primeiros a ter o monitoramento reforçado.

Ele acredita que desta forma os pesquisadores estarão mais bem preparados para adotar medidas de combate quando acontecer a reintrodução ou chegada de uma nova linhagem desses vírus.

“Este ano nós temos o fenômeno do El Niño previsto, então a gente pode esperar aumento de casos de arboviroses para o início do ano que vem, lembrando que as arboviroses precisam da transmissão do vetor, para manter um ciclo epidêmico, então a gente tem possibilidade de no ano que vem ter um aumento de casos, por conta também dessas variações climáticas que estão acontecendo. Então, além do vírus em si, a gente ainda tem esses fatores ambientais que podem aumentar os casos, uma vez que precisa ter o vetor presente. São ferramentas para nos dar o alerta para estar melhor preparado”, disse.

A carta, assinada por 74 pesquisadores, foi publicada na edição desta semana da revista científica The Lancet Global Health.

No documento, os pesquisadores abordam a qualidade dos dados genômicos disponibilizados atualmente sobre os arbovírus e a falta de agilidade com que essas informações chegam aos cientistas e gestores da saúde. Também ressaltam que é necessário utilizar plataformas de compartilhamento de dados para permitir análises rápidas e oportunas de novos surtos.

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Por: Agência Brasil

Itamotinga recebe a próxima edição do Saúde em Movimento nesta quarta-feira (09)

Chegou a vez da comunidade de Itamotinga receber os serviços do Saúde em Movimento. O programa, realizado pela Prefeitura de Juazeiro, através da Secretaria de Saúde (Sesau), acontecerá na próxima quarta-feira (09).Serão oferecidos cerca de 200 atendimentos, entre consultas especializadas com: gastroenterologista, oftalmologista, endocrinologista, além de exames de ecocardiograma, eletrocardiograma e ultrassonografias. A população também terá à disposição práticas de ventosaterapia, auriculoterapia e liberação miofascial.As equipes estarão atendendo na Unidade Básica de Saúde do distrito e na EMEI Bom Jesus dos Navegantes, das 7h às 13h.DocumentosPara terem acesso aos serviços, os interessados precisam apresentar seus documentos pessoais:  RG, CPF, Certidão de Nascimento (no caso das crianças), cartão SUS e comprovante de residência.

Especialistas discutem formas de melhorar acesso à cannabis medicinal

Proposta livera cultivo Cannabis sativa para uso terapêutico - Divulgação / PF

O primeiro contato de Vivian Dalla Colletta com a cannabis foi há oito anos. “Careta”, como ela mesma se definiu, sem sequer tomar refrigerante ou bebidas alcoólicas, ela nunca pensou nessa possibilidade de uso. Mas as intensas dores que ela enfrentava por causa de uma fibromialgia a puseram em contato com a planta medicinal, para fins terapêuticos.

“Minha história com a cannabis começa há oito anos. Tenho fibromialgia, que é uma síndrome de dor crônica. Então, sinto muita dor no corpo inteiro, a toda hora”, disse em entrevista à Agência Brasil. “Sempre controlei minha fibromialgia com exercício físico. Só que em 2015 tive uma apendicite e fiz uma cirurgia às pressas e, nessa cirurgia, foi lesionado o nervo da perna. Então comecei a ter choques e dores intensos, a ponto de desmaiar”.

Por causa disso, passou a tomar quatro remédios de tarja vermelha [medicamentos que devem ser prescritos por um profissional]. “E o médico queria me passar um quinto [remédio]. Fiquei assustada com isso. Não era possível que ele quisesse me passar um quinto medicamento enquanto eu continuava gritando de dor. Não funcionava. E aí eu lembrei de paciente com câncer que fumava maconha para aliviar a dor”, contou a farmacêutica, que também é pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e fundadora do Instituto Dalla Cannabis Ensino&Pesquisa.

São Paulo (SP), 03/07/2023, 2° edição do CICMED reúne mais de 800 participantes entre especialistas, palestrantes, médicos e expositores, no Wyndham Sãoo Paulo Paulista. Na foto a Palestrante Vivian Dalla Colletta. Foto Paulo Pinto/Agência Brasil
Vivian Dalla Colleta começou a usar cannabis para se livrar de dores crônicas – Paulo Pinto/Agência Brasil

“Nunca tinha colocado um cigarro de tabaco na boca e, no desespero, fui querer fumar maconha. Lógico que isso não deu certo”. Foi então que passou a usar o óleo de cannabis, que atua no sistema nervoso central e é extraído da cannabis sativa, a planta da maconha. “Não tomei mais nenhum medicamento, só tomei o extrato da planta, que eu tomo até hoje. Não tomo mais medicamentos para dor, só a cannabis”.

É a cannabis também que a tem auxiliado nessa nova etapa de sua vida, após uma cirurgia recente de um câncer no intestino. “Mas para o câncer, em especial, [o uso da cannabis] é algo que ainda precisa ser estudado”, ressaltou ela.

Agência Brasil conversou com Dalla, como ela prefere ser chamada, durante a 2ª edição da Conferência Internacional da Cannabis Medicinal (CICMED), realizada em São Paulo até o próximo sábado (5). O evento conta com a participação de palestrantes internacionais e nacionais, além de laboratórios e distribuidores de medicamentos a base de cannabis medicinal, para debater e difundir as novas tendências de uso da substância em diversos campos da medicina.

Acesso

Segundo estudos científicos, a cannabis tem utilidade médica para tratar diversas doenças, entre elas, neurológicas, e não há relatos de que cause dependência. No entanto, o uso não é livre no Brasil e para ter acesso é preciso que um médico faça a prescrição. Até 2015, por exemplo, a venda de algum produto com canabidiol, substância derivada da cannabis, era proibida no país. Mas a partir disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passou a colocar o canabidiol na lista de substância controlada. Isso significa que empresas interessadas em produzir ou vender derivados dessa substância precisam obter um registro na Anvisa e que pacientes precisam de receita médica para comprar o produto.

Atualmente, há três formas de acesso ao canabidiol: em farmácias, por meio de associações ou por importação. Ainda não existe uma política de fornecimento gratuito de produtos à base de canabidiol por meio do Sistema Único da Saúde (SUS). O que há são projetos em tramitação no Congresso Nacional, por exemplo, buscando garantir o acesso ao SUS para pacientes que precisam dessas terapias.

“Em termos medicinais, [os prejudicados] são os pacientes. Na exploração industrial, são as empresas, que poderiam gerar renda, emprego e impostos. E tem também essa questão envolvendo o uso adulto, que acaba sem ter um limite do que é e o que não é [permitido] e pessoas acabam sendo presas por isso”, disse o advogado Leonardo Navarro, que atua no direito médico da saúde.

Para o advogado, que também faz uso da cannabis medicinal por causa de um distúrbio do sono, uma lei federal “viria pacificar” o assunto, o que diminuiria custos e aumentaria o acesso dos pacientes que necessitam dessa terapia. “Com uma lei que disciplina o que é o produto, o que ele pode, se pode ter forma alimentícia ou industrial, por exemplo, e quais os critérios para serem considerados medicinais, você passa segurança para todo mundo, você cria um sistema com segurança jurídica. Hoje, a regulação que a Anvisa fez é boa. Mas ela é em cima de uma resolução de uma diretoria colegiada. Se a diretoria colegiada amanhã muda, a gente tem um risco de alteração daquilo que já foi feito. Então, não podemos ficar com regulação de segundo escalão. Temos que ter regulação a nível legal”, disse à Agência Brasil.

Na ausência de um marco regulatório nacional, o que tem surgido atualmente no Brasil são tentativas de propor projetos de lei em nível estadual para garantir que os produtos à base de cannabis estejam disponíveis pelo SUS. “O que temos observado ultimamente é um grande movimento dos estados e das assembleias legislativas estaduais para criarem mecanismos para fornecimento de produtos à base de cannabis pelo SUS. Pelo último levantamento, acho que 25 estados possuem ou lei aprovada ou em discussão legislativa. E os que possuem lei aprovada estão em fase de regulação, o que define patologia, forma de acesso e tipo de produto”, explicou o advogado.

Para o biotecnologista Gabriel Barbosa, supervisor de Pesquisa e Desenvolvimento e de Assuntos Regulatórios da empresa HempMeds Brasil, o estabelecimento de um marco regulatório sobre o tema poder fazer com que o custo do medicamento caia enormemente no país. “Já ouvi estimativas de que talvez a gente consiga baixar entre 30% e 50% o custo desse medicamento”, disse, citando que, ao importar um medicamento, entre 30% a 35% do custo dele se refere a impostos para nacionalização. Segundo Barbosa, a regulação também poderia facilitar o acesso para cerca de 6 a 7 milhões de brasileiros.

“Precisamos de uma legislação que sustente tudo isso. Já é previsto na legislação o cultivo para fins médicos e científicos, mas precisamos estabelecer parâmetros de como isso será feito, quem vai fazer, em que condições, e garantir que isso esteja de acordo com os ditames e convenções internacionais”, disse Barbosa, em entrevista à reportagem da Agência Brasil.

Segundo o biotecnologista, o Brasil está muito avançado em termos de uso medicinal da cannabis, mas enfrenta problemas quando se pensa no acesso à matéria-prima. “Estamos em um país que é um dos principais exportadores agrícolas do mundo, mas a gente depende exclusivamente de matéria-prima estrangeira para um produto que poderia estar sendo cultivado aqui no Brasil”.  Barbosa defende que está na hora de o Brasil produzir e vender, e não só comprar a matéria prima. “Está na hora de tratar nossos pacientes e fazer com que essa riqueza permaneça e seja desenvolvida aqui no Brasil. Se a gente puder, de alguma maneira, cultivar [a planta] aqui no Brasil, o custo será reduzido, o acesso será facilitado”.

Para Vivian Dalla Colleta, o acesso à cannabis medicinal poderia ser facilitado no Brasil por meio das Farmácias Vivas, um programa que foi instituído em 2010 pelo Ministério da Saúde com competência para produzir fitoterápicos. O programa, segundo o ministério, compreende todas as etapas, desde o cultivo, à coleta, o processamento, o armazenamento de plantas medicinais até a manipulação. “A forma que eu acho que seria mais efetiva seriam as Farmácias Vivas, um projeto do governo federal onde é possível cultivar plantas medicinais, transformar em fito-medicamento e distribuir para a população via SUS. Isso já existe. O problema é que não existe lei que proteja a Farmácia Viva”.

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Fonte: Agência Brasil